domingo, 15 de maio de 2011

Grandes incêndios são causa e consequência de aquecimento global - FAO



Nova Iorque, 11 mai (Lusa) - Os grandes incêndios em países como a Grécia e o Brasil, com enormes emissões de dióxido de carbono, podem estar a ser causa e consequência do aquecimento global, alerta a Organização da ONU para a Alimentação e Agricultura (FAO).
"Porque as emissões de CO2 contribuem para o aquecimento global e os mega-incêndios são resultado da seca, os mega-incêndios (e as emissões de carbono) podem representar um perigoso ciclo de retorno que se autoperpetua", refere a FAO em relatório divulgado esta semana.
Coincidindo com uma conferência internacional na África do Sul sobre o tema dos grandes incêndios, o relatório sublinha que a libertação de CO2 destes são "enormes", defendendo que os decisores políticos melhorarem a monitorização de emissões, para determinar o impacto sobre as alterações climáticas.
Analisa incêndios na Grécia (Paleochori-Sekoulas, 2007, 40 mil hectares ardidos) e Brasil (Roraima, 1998, 11 mil hectares ardidos), além de outros na Austrália, Botsuana, Estados Unidos. Indonésia, Israel e Rússia (2,3 milhões de hectares, 2010).
Embora divirjam em muitos aspetos, estes casos demonstram que "os riscos de grandes incêndios aumentam à medida que a seca se agrava, os combustíveis se acumulam e as paisagens se tornam mais homogéneas", refere o relatório.
"Com o surgimento de uma seca mais difusa e generalizada em todo o mundo, não há mais a garantia de que alguns locais, apenas porque não têm tido incêndios severos no passado, estão seguros de deflagrações no futuro", adianta.
Outros fatores agravantes destes sinistros, que podem vir a estar mais presentes com o aquecimento global, são o tempo quente e seco e o vento.
O relatório refere também que os governos estão a tentar confrontar a ameaça com maior força de combate, dependendo mais em bombeiros urbanos e meios aéreos, mas "a abordagem está a demonstrar ser ineficaz, apesar dos maiores custos envolvidos".
Por outro lado, afirma, "um declínio coincidente na capacidade de gestão das florestas parece estar a exacerbar o problema".
Quase todos os incêndios estudados tiveram origem humana, frequentemente de forma deliberada, para libertar terras para agricultura ou desenvolvimento.
O relatório aponta dois exemplos - um na Austrália e outro nos Estados Unidos - em que os incêndios causaram poucos estragos, apesar de estarem criadas todas as condições para que assumissem grandes dimensões.
A razão, referem os autores, está em abordagens mais equilibradas das autoridades nessas áreas, envolvendo medidas de prevenção e mitigação, além de combate aos incêndios, que passou em ambos os casos por programas de fogos controlados em zonas de risco.
"Os mega-incêndios não estão a dar-se em terras onde as práticas de gestão de solos são consistentes (...) e o seu risco é muito mais reduzido nas zonas onde os programas de proteção de fogos são mais equilibrados, combinando elementos de prevenção, mitigação e combate", adianta.
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