terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Casa das Ciências lança Revista de Ciência Elementar


NOV20
CIÊNCIAEscrito por: Maria João Pratt

Casa das Ciências lança Revista de Ciência Elementar

Revista de Ciência Elementar é mais um passo no crescimento e sustentabilidade do projeto Casa das Ciências – Portal Gulbenkian para Professores, da Fundação Calouste Gulbenkian, com o objetivo de contribuir para a melhoria da qualidade do ensino das Ciências em Língua Portuguesa.
Dirigida a professores dos ensinos básico e secundário, a alunos destes níveis de ensino e superior e, em última instância ao público em geral, esta revista recupera, nas palavras do seu coordenador, Manuel Silva Pinto, «os contributos que os diferentes componentes do portal têm vindo a recolher ao longo dos últimos anos e publicar os melhores artigos que entretanto nos forem chegando». O responsável pela nova revista considera que os conteúdos «destinam-se, fundamentalmente, a clarificar, esclarecer e desenvolver conceitos de Ciência Elementar, sobretudo os que se encontram diretamente associados aos programas do Ensino Básico e Secundário».
Neste momento, já se encontra publicado o primeiro número da Revista de Ciência Elementar, onde poderá encontrar notícias, artigos de opinião, entradas de ciência elementar, sugestões de recursos educativos digitais para as aulas, imagens para utilizar nas apresentações ou publicações web, entre outros assuntos. 
Aceda à revista aqui.
 Fonte: queros saber.pt

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Empresa portuguesa desenvolve plástico biodegradável para agricultura

actualizado: Wed, 13 Nov 2013 12:21:11 GMT | de Lusa

Um consórcio liderado por uma empresa portuguesa desenvolveu um plástico biodegradável que substitui as películas de polietileno utilizadas para cobrir solos agrícolas, com benefício para as culturas e para o ambiente, informou hoje a Comissão Europeia (CE).
PAULO CUNHA/LUSA
PAULO CUNHA/LUSA
Em comunicado, a CE explica que o produto desenvolvido pela Agrobiofilm, com financiamento da União Europeia, promete revolucionar a agricultura, ao substituir os plásticos para cobertura de solos que, embora essenciais para o sucesso da agricultura, têm impactos ambientais significativos durante e após o ciclo da cultura, por serem derivados do petróleo.
Além disso, por terem de ser removidas e encaminhadas para centros de recolha autorizados, as películas de polietileno, as mais usadas para cobrir os solos agrícolas, obrigam os agricultores a custos acrescidos.
Desenvolvido ao longo dos últimos três anos por um consórcio liderado pela portuguesa Silvex, o plástico biodegradável agora apresentado pela CE apresentou benefícios, "não só em termos ambientais, como ao nível do rendimento das culturas que, em alguns casos, foi superior ao registado com o plástico de polietileno".
"Perante os bons resultados, a Silvex foi convidada a partilhar a sua experiência e conhecimento em Universidades e Escolas Técnicas Europeias na área da Engenharia Biotecnológica e também na Belgian Farmers’ Association", acrescenta a comissão.
Este plástico biodegradável é composto de amido de milho e óleos vegetais e foi testado nas culturas de morango (em Portugal e Espanha) e de melão e de pimento (ambos em Portugal), podendo ser utilizado em outras culturas com características semelhantes, pode ler-se no comunicado.
Foi também testado na vinha, tanto como alternativa ao polietileno, como ao solo nu e aos tubos de proteção e crescimento.
Os resultados mostram que a qualidade dos frutos não apresentou diferenças significativas, sendo o rendimento obtido nas culturas de melão, pimento e morango igual ou superior ao obtido com o plástico de polietileno, enquanto na vinha se registou um aumento significativo da expressão vegetativa das videiras, com mais raízes e de maior peso do que as plantadas em polietileno e em solo nu.
"A nível ambiental o Agrobiofilm cumpriu com os requisitos da norma NFU52-001 relativos à biodegradação no solo", acrescenta a CE.
O Agrobiofilm, que teve um investimento total de cerca de 1,5 milhões de euros, tendo recebido um milhão de euros da UE através do 7.º Programa-Quadro, já começou a ser comercializado em Portugal, Espanha e França e destina-se maioritariamente a agricultores profissionais, podendo também ser utilizado em pequenas hortas ou jardins.
A Silvex é uma das 225 pequenas e médias empresas portuguesas (PME) que beneficiaram do financiamento de investigação da UE desde 2007, num total de 305 milhões de euros. Até ao final de 2013 a União Europeia terá apoiado 15 mil PME que receberam apoios superiores a cinco mil milhões de euros.
Do consórcio Agrobiofilm fazem parte, além da Silvex, a norueguesa BIOBAG e a francesa ICSE. Outras três PME - Hortofrutícolas Campelos (Portugal), Olivier Mandeville (França) e Explotaciones Agrarias Garrido Mora (Espanha) - são os utilizadores finais, onde se realizaram os ensaios de campo.
O trabalho científico foi realizado no Instituto Superior de Agronomia (Portugal), Centro Tecnológico ADESVA (Espanha), Université Montpellier 2 (França) e Faculty of Agricultural Sciences, Aarhus University (Dinamarca).
FPA // JMR
Meus sinceros parabéns!

terça-feira, 12 de novembro de 2013

3 – Métodos de datação

1 – Pelo gelo 
grande alcance
grande alcance

Cientistas perfuraram 3.000 metros de plataforma árctica para analizarem milhares de anos de dados sobre os gases com efeito de estufa. A margem de erro é de 2 anos.
2 – Tefrocronologia
referências
Grandes eventos vulcânicos espalham detritos chamados tefra pelos continentes, deixando um marcador claro (mas raro) no registo fóssil, apartir do qual é possível datar camadas sedimentares.
3 – Por carbono 14
Valor aproximado
Baseia-se na diminuição a um ritmo constante da quantidade de carbono 14 nos tecidos mortos com o passar do tempo. Isso dá pistas precisas dos anos passados desde a morte desse tecido.

Fonte: quero saber Novembro 2010 

Benefícios do chá

Dicas para uma boa chávena de chá
Isento de calorias e de aditivos (exceto nas versões aromatizadas), o chá é rico em vitaminas e elementos minerais, como potássio, magnésio e flúor. Além de ajudar na digestão e na redução de colesterol no sangue, hidrata, previne a cárie, reduz a fadiga, aumenta o estado de alerta e melhora a concentração.
A bebida tem qualidades antivirais e antibacterianas, protege o coração, ajuda a prevenir o cancro e é antioxidante, devido ao seu alto teor em flavonoides. Vários estudos recentes indicam que a ingestão regular de chá verde contribui para a redução de gordura corporal.
Há alguns exemplos para preparar uma boa chávena de chá, a começar pela água, que deve ser de excelente qualidade, preferencialmente engarrafada ou filtrada, por causa do cloro e calcário. Escaldar o bule antes da preparação da bebida ajuda a mantê-la quente. A temperatura da água também é essencial: não deve ser deitada a ferver sobre as folhas, porque destruirá as moléculas aromáticas. Para que não se percam as delicadas propriedades do chá, a água deve atingir apenas o início da fervura.

Super interessante nº175 – Novembro de 2012

sábado, 9 de novembro de 2013

A pele dos anfíbios

A pele é a principal barreira protetora do corpo contra as agressões externas. A dos anfíbios, apesar de muito fina, possui características cruciais para garantir a sua sobrevivência.
Salamandra
Os anfíbios podem inspirar e expirar através da pele – em terra ou debaixo de água – e absorvem água não através da boca mas de pele permeável, na parte debaixo do corpo. A maioria dos anfíbios adultos tem pulmões, mas também absorvem oxigénio através da pele. Algumas espécies de salamandras não possuem pulmões nem brânquias e respiram exclusivamente através da pele. O aspeto viscoso dos anfíbios deve-se ao facto da sua pele estar repleta de glândulas que produzem muco, que se espalha pela superfície da pele, humedecendo-a e tornando-a mais suave, e logo, mais absorvente. Apesar das suas parcas defesas contra predadores, os anfíbios possuem glândulas de veneno na pele, que segregam toxinas para repelir potenciais interessados. A maioria das espécies é pouco venenosa, mas algumas, como a rã dourada, são mortais ao toque.


A rã de ouro habita a chuvosa selva tropical Chocoana da Colômbia e parte da fronteira com o Panamá. São rãs diminutas e seu tamanho nunca supera os 5 cm. Sua cor é particularmente chamativa e vistosa apresentando três principais variações de cor dependendo de sua variação genética: amarelo-dourado, verde-prateado e laranja. 
Alimenta-se de formigas, como a Brachymyrmex e Paratrechina e de diminutos besouros da família Melridae de onde obtêm seu veneno.

A pele dos anfíbios tem de manter-se húmida para evitar que o corpo fique demasiado quente ou frio, bem como evitar a desidratação. Esta constante necessidade de humidade implica que os anfíbios, além de produzirem muco, vivam junto a fontes de água.

Fonte: quero saber Novembro 2010 – e net.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Surfistas transformam lixo marinho em obras de arte

Segunda-feira, 28 de Outubro de 2013
Surfistas transformam lixo marinho em obras de arte
© Skeleton Sea
Um grupo de surfistas decidiu revolucionar a arte e começou a criar esculturas com o lixo que encontravam e recolhiam das praias e do mar. Em ação desde 2005, os Skeleton Sea contam com a colaboração de um português e trabalham em prol da preservação dos oceanos.

Os artistas estiveram este sábado na praia de Carcavelos, em Cascais, para criar, ao vivo e a cores, uma "peça que é o rosto da poluição". João Parrinha e Xandi Kreuzeder foram acrescentando pedaços de plástico, cordas e redes de pesca a uma estrutura de metal, dando forma a um 'crânio de lixo marinho'.

Desde que começaram a passar muito tempo no mar, os artistas que formam o Skeleton Sea viram "crescer a poluição nas praias e nos oceanos". Por forma "a consciencializar as pessoas para este problema grave [poluição dos oceanos]", os Skeleton Sea começaram a recolher todo o livro que encontravam para fazer esculturas.

João Parrinha conta que, no âmbito do projeto, foram já apanhadas "várias toneladas" em diferentes iniciativas, como, por exemplo, numa praia do Brasil, onde três equipa do Skeleton Sea juntaram uma tonelada e meia de lixo em cinco horas.
Fonte: boas noticias.pt

domingo, 27 de outubro de 2013

Potencial gastronómico e comercial dos cogumelos cresce no Nordeste Transmontano

actualizado: Sat, 26 Oct 2013 16:49:30 GMT | de Lusa
O potencial dos cogumelos silvestres aumenta de ano para ano na região do Nordeste Transmontano, como consequência da identificação pelos especialistas de um maior número de espécies comestíveis e rentáveis do ponto de vista comercial.

  • FRANCISCO PINTO/LUSA
FRANCISCO PINTO/LUSA
"Podemos percorrer o mesmo sítio durante 20 anos e encontramos sempre espécies de cogumelos diferentes no mesmo espaço", disse hoje à Lusa o micólogo e investigador António Monteiro, no decurso do XV Encontro Micológico Transmontano, que decorre até domingo em Mogadouro.
O especialista disse ter conhecimento de que houve um apanhador que, num hectare de terreno, colheu cerca de 100 quilogramas de "boletus edulis", sendo esta uma espécie "altamente comercializável".
"Ao longo de uma década ou duas, um souto de castanheiros poderá ser mais rentável do ponto de vista micológico que propriamente na produção de castanha, ou madeira", exemplificou o também vice-presidente da associação micológica "A Pantorra", com sede em Mogadouro.
Face a esta situação, os especialistas que estudam os cogumelos alertam para "os perigos escondidos" associados a esta "comida de risco", devendo ter-se em conta que estes fungos só devem ser recolhidos por quem conhece e estuda as diversas espécies.
"Só se deve confecionar e comer o que se tem a certeza que é comestível. E para se ter certeza no mundo dos cogumelos há que ter sempre o apoio de literatura científica atualizada e não confiar nas tradições populares", acrescentou António Monteiro.
"Num ano rico em cogumelos como aquele que foi 2013, há o conhecimento de pelo menos seis mortes provocadas pela ingestão de cogumelos venenosos", frisou o também médico.
O Encontro Micológico de Mogadouro conta com participantes de diversas idades e vários pontos do país, além de uma associação micológica norueguesa, que está a assinalar 40 anos.
Para Joana Melo, uma jovem apreciadora de cogumelos, do Porto, o mundo da micologia "é fascinante" e proporciona um contacto direto com a natureza.
Por seu lado, Ana Ferreira disse que desde cedo lhe despertou o interesse pela micologia, sendo esta é a primeira vez que participa numa saída de campos para recolher e identificar as mais diversas espécie de cogumelos.
Sanchas, boletos, repolgas ou míscaros são, nesta altura do ano, dos fungos mais procurados pelos apreciadores na região do Interior Norte e Centro.
FYP // JLG

sábado, 26 de outubro de 2013

Janela inteligente armazena luz solar e gera energia

Sábado, 26 de Outubro de 2013
Janela inteligente armazena luz solar e gera energia
Um grupo de cientistas da Academia Chinesa de Ciências está a desenvolver uma janela inteligente capaz de, simultaneamente, armazenar e gerar energia a partir da luz solar que, no futuro, poderá contribuir para ajudar os edifícios a reduzir gastos com a eletricidade.
 
O desenvolvimento desta solução inovadora foi dado a conhecer através de um estudo publicado, esta semana, na revista científica Nature Scientific Reports e vem dar resposta a um desafio com o qual muitos cientistas se têm debatido: tentar incorporar células fotovoltaicas geradoras de energia nas janelas sem afetar a transparência.
 
Atualmente, as janelas deixam que o calor "escape" dos prédios no Inverno e que os raios solares indesejáveis entrem durante o Verão e foi esta realidade que inspirou a procura por estruturas capazes de se adaptar às condições climatéricas do exterior.
 
"A principal inovação deste trabalho é que assenta no desenvolvimento de um dispositivo conceptual de janela inteligente para geração e poupança simultânea de energia", explica Yangfeng Gao, coordenadora do estudo, citada pela AFP, realçando que as janelas que existem hoje em dia apenas regulam a luz e o calor do sol, deixando fugir a maior parte da sua energia potencial.
 
Gao e os colegas descobriram que um material específico, o óxido de vanádio (VO2), que altera as suas propriedades com base na temperatura, pode ser utilizado como 'cobertura transparente' das janelas para regular a radiação infravermelha do sol.
 
Abaixo de um determinado nível, este material é isolante e permite a penetração da luz infravermelha mas, se a temperatura for diferente, pode também tornar-se reflexivo, o que lhe dá grande versatilidade.
 
Segundo Gao, uma janela que seja coberta com VO2 torna-se capaz de regular a quantidade de energia solar que entra num prédio mas, ao mesmo tempo, consegue dissipar a luz para células solares que estejam dispostas em redor dos painéis de vidro, abrindo portas à sua utilização para, por exemplo, acender lâmpadas no interior do edifício.
 
"Esta janela combina geração e poupança de energia num dispositivo único e tem potencial para regular e usar a radiação solar de uma forma eficiente", escreveram os cientistas envolvidos no projeto.
 
Clique AQUI para aceder ao resumo do estudo (em inglês).
Fonte: boas noticias.pt

domingo, 13 de outubro de 2013

Um fungo contra o escaravelho vermelho

Assassino encurralado
Os casulos
Um coleóptero anda a dizimar as palmeiras do Sul da Europa, incluindo milhares de exemplares portugueses, principalmente nas regiões de Lisboa e do Algarve. Biólogos espanhóis afirmam ter descoberto um fungo que devora o famigerado inseto.
Desde 1995, as palmeiras estão a sofrer o ataque do chamado “escaravelho vermelho”, que tem provocado a morte de muitos milhares de exemplares. Com efeito, quando o pequeno cleóptero, cujo nome científico é Rhynchophorus ferrugineus, as coloniza, a esperança de vida das palmeiras não ultrapassa os seis meses. Em Portugal, os estragos começaram no Algarve, onde centenas de plantas foram dizimadas, e o rasto de destruição prosseguiu em direcão a norte (em Lisboa já atacou, por exemplo, o Jardim Tropical de Belém e o Jardim Botânico). Em Espanha, a grande preocupação centra-se em Elche, cujo esplêndido palmeiral foi plantado pelos muçulmanos há mais de mil anos. Teme-se, agora, que o inseto consiga destruir esse símbolo da cidade da Comunidade Valenciana: 500 hectares de palmeiras declaradas Património Mundial da Humanidade.
Contudo, a erradicação poderá estar eminente: talvez se produza em apenas dois anos. Com efeito, especialistas da Glen Biotech (http://www.glenbiotech.es), uma companhia surgida na universidade espanhola de Alicante, pensam ter encontrado uma solução definitiva. “Apercebemo-nos de que um fungo, o Beauveria bassiana, matava o escaravelho das palmeiras de forma natural”, explica Berenice Güerri, que dedicou a sua tese de doutoramento ao destrutivo coleóptero e descobriu, agora, o antídoto.
“Durante um ano, cutivámos o Beauveria bassiana em laboratório, procedendo a múltiplos ensaios ‘isolados’”, explica a especialista. Os “isolados” são espécimes que apresentam determinadas características. “Foi como selecionar pessoas para um posto de trabalho: havia muitos candidatos e tivemos de passá-los pelo crivo.” Finalmente, concluiram que o “isolado 203” era o que funcionava melhor sem necessidade de água. “Conseguimos repetir um processo natural, mas em grande escala”, resume a investigadora.  
Com esta técnica, deixa de ser necessário fumigar a palmeira (com a consequente poupança de líquido), pois o produto é aplicado através de um substrato vegetal seco, sem toxinas e sem impacto no meio ambiente. Os testes efetuados em fevereiro, abril e maio (meses com diferentes valores de temperatura) não deixaram margem para dúvidas: o fungo aniquilou todas as larvas em quatro dias e os adultos em pouco mais de duas semanas.
500 Bocas para alimentar
Como consegue o fungo acabar com um bicho protegido por uma dura couraça? A resposta é simples: transformando-se num alien dentro do corpo do inseto. Protegido por uma armadura estriada, o escaravelho vermelho das palmeiras caracteriza-se pelo bico que se projeta do corpo. Aproveita qualquer orificío para se introduzir na palmeira, onde escava galerias com o pontiagudo apêndice, e a fêmea pode por mais de 500 ovos de uma só vez. Depois as larvas alimentam-se vorazmente do tecido vagetal. Deter a infestação é muito complicado: “ A fêmea toena-se fértil uma semana após ter saído do casulo. Para agravar as coisas, um escaravelho consegue voar cinco a dez quilómetros”, explicou Carlos Gabirro, sócio-gerente da empresa portuguesa Biostasia, ao jornal Público. Com um período de atividade na palmeira que pode ir de três meses a quase um ano, os seus esporos instalam-se na carapaça do invasor e começam a penetrar no organismo do escaravelho como sementes em busca de alimento. Ao fim de pouco tempo, já perfurou o corpo do gorgulho para germinar e alimentar-se dos seus nutrientes. Dito de forma mais gráfica: come-o por dentro até o deixar seco. O mesmo destino espera as larvas. Além disso, o próprio escaravelho vermelho dissemina o fungo, ao transferir-se de uma palmeira para outra.
O mais difícil é conseguir detetar a presença dos colonizadores. Por isso, têm sido organizadas desde jornadas técnicas e encontros internacionais a iniciativas de sensibilização dos proprietários de árvores ou dos responsáveis pela gestão de palmeiras no meio urbano, os quais também se debatem com falta de recursos para combater uma praga que tem avançado a uma velocidade assustadora. Primeiro, as folhas da coroa da palmeira perdem vigor; depois, nota-se um odor a tecidos em fermentação e, quando se encosta o ouvido ao tronco, escutam-se os ruídos produzidos pelas larvas a alimentar-se.
Quem estiver desprevenido apenas se aperceberá quando for demasiado tarde, pouco antes da palmeira morrer ou mesmo tombar no chão. Já existem experiências com cães treinados para distinguir o cheiro, um sistema testado em Israel e na Andaluzia. Por sua vez a universidade de Elche está a desenvolver um programa informático para detetar através de sondas o ruído produzido pelos escaravelhos. O incoveniente é que a palmeira produz múltiplos sons. Além disso, a sua composição impede que as ondas se propaguem sem entraves.
O remédio da Glen Biotech (agora em fase de ser  registado e obter a patente) poderia ser a solução definitiva para um problema que afeta muitos países. Original do Sueste asiático, onde ataca os coqueiros, o Rhynchophorus ferrugineus estendeu-se pelo Médio Oriente, o Magrebe, o Sul da Europa e os Estados Unidos.
Em Portugal, a praga foi detetada pela primeira vez em 2007, ano em que a União Europeia estabeleceu medidas de emergência para a combater, já que vários países mediterrânicos se debatiam há vários anos com o escaravelho. Em Espanha, por exemplo, chegou há 17 anos através da Andaluzia, proveniente do Egito. A região do Algarve foi das mais afetadas, mas, atualmente, segundo Carlos Gabirro, Lisboa está “completamente contaminada” e a praga já foi identificada em Sines, Santiago do Cacém, Grândola, Alcácer do Sal, Setúbal, Cascais, Montijo, Coruche, Coimbra, Espinho e Gaia. Razão suficiente para esperar que os dias do escaravelho vermelho estejam mesmo contados, como promete a companhia espanhola.

Super interessante nº172 – Agosto de 2012

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

UAveiro quer melhorar solos agrícolas com biochar

Quinta-feira, 19 de Setembro de 2013
UAveiro quer melhorar solos agrícolas com biochar
© UA - O biochar é um carvão produzido de forma controlada, a partir de biomassa específica e através da pirólise, para melhorar os solos agrícolas
É uma espécie de carvão ‘milagroso’: ajuda a terra a reter água e nutrientes, reduz a emissão de CO2, ajuda a reciclar resíduos orgânicos e limpa os solos contaminados. A Universidade de Aveiro está a estudar um tipo de carvão chamado ‘biochar’ - obtido sem combustão - que ao ser adicionado aos solos, poderá vir a melhorar as técnicas de produção agrícolas.

por Patrícia Maia

Foi nas chamadas “terras pretas da Amazónia” que surgiu a inspiração para desenvolver este tipo de carvão especial para solos. Há centenas de anos que os indígenas ‘alimentam’ a terra com resíduos carbonizados dando origem a solos mais férteis do que os das terras vizinhas.

“Logicamente que os indígenas não controlavam as propriedades físico-químicas do carvão que lá colocavam mas nós temos a obrigação, o conhecimento e a tecnologia para fazer esse controlo, de modo a maximisar efeitos positivos e minimizar efeitos negativos nos solos”, explica ao Boas Notícias Ana Catarina Bastos, do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da UA.

O carvão surge espontaneamente na natureza, através da pirólise, um processo que também pode ser simulado industrialmente, recorrendo a altas temperaturas para transformar a biomassa em carvão ou biocombustível, sem a presença de oxigénio, ou seja, sem combustão. Quando é produzido desta forma controlada para adicionar aos solos, o carvão passa a ser chamado de ‘biochar’.

A fim de garantir a maximização dos efeitos positivos e a minimização dos efeitos negativos do biochar, a UA está a analizar o impacto de um biochar produzido, por parceiros europeus, “a partir de biomassa selecionada” e recorrendo a um método de pirólise “muito controlado no que diz respeito a temperatura, humidade, entre outras características”, explica a investigadora.

Frank e AnaFrank Verheijen e Ana Catarina Bastos (do CESAM) são os dois investigadores principais desta investigação multidisciplinar da UA

O projeto conta com o apoio da Estação Vitivinícola da Bairrada e da Direção Regional da Agricultura e Pescas do Centro, assim como de dois projetos de investigação financiados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e pelo programa FEDER-COMPETE.    

Solos mais férteis e amigos do ambiente
As equipas formadas por elementos do Departamento de Biologia (DBio) e do Departamento de Ambiente e Ordenamento (DAO) do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da UA querem “assegurar a obtenção de um produto com características físico-químicas” de excelência que “resultem num melhoramento das funções dos solos e sem impactos nefastos para o ambiente”, explica Frank Verheijen, também do CESAM, que juntamente com Ana Catarina Bastos lidera esta investigação.

É verdade que qualquer biomassa pode ser usada para produzir biochar, no entanto, o tipo de material orgânico utilizado determina, diretamente, a qualidade e as competências do biochar produzido.

Os tipos de biocharque a equipa de Aveiro está a estudar excluem, por isso, “uma série de materiais essencialmente orgânicos como pneus e outros derivados de petróleo”, apostando, em vez disso, em madeiras, resíduos agrícolas, erva, cascas de sementes ou cereais, caroços de frutos e biosólidos como estrumes de animais”.

Agora, os investigadores estão a monitorizar, a nível interdisciplinar, o efeito deste carvão nas vinhas da Estação Vitivinícola da Bairrada. “Esta monitorização a longo termo é essencial porque os efeitos - quer positivos, quer negativos - que o biochar possa ter no solo, nas vinhas e nos organismos terrestres, não são necessariamente imediatos e podem levar algum tempo a manifestarem-se”, explica Ana Catarina, salientando que a equipa está, neste momento, a tentar garantir o financiamento e a continuidade do projeto.

Frank Verheijen explica ainda que o biochar pode ser muito benéfico, por exemplo, para os solos “onde a produção agrícola é limitada pelo pH ácido do solo ou por ter poucos nutrientes e água” já que o biochar “aumenta o pH e melhora a capacidade do solo de reter água e nutrientes”.

Menos emissões poluentes

O facto de ser um material muito resistente à degradação faz com que o biochar retenha nas suas propriedades o carbono da biomassa original, e assim, ao contrário do que acontece quando se adicionam à terra resíduos agrícolas frescos, não há emissão de  CO2 para a atmosfera. Há ainda estudos que “sugerem que solos agrícolas contendo biochar também emitem menos N2O, outro gás importante para o efeito de estufa”, acrescenta Ana Catarina Bastos. 

Ainda no contexto do combate à poluição, há provas de que o biochar ajuda a ‘limpar’ solos contaminados por metais, pesticidas, derivados de petróleo e outros químicos, porque quando adicionado a esses solos, o biochar aumenta a capacidade do solo de imobilizar e suprimir determinados contaminantes - como chumbo, níquel ou alumínio - impedindo que sejam assimilados por plantas, animais e pessoas.

Se o estudo da UA se concluir com sucesso, este carvão produzido a partir de biomassa cuidadosamente selecionada poderá ser ‘fabricado’ em larga escala e transformar a produção agrícola nacional e, até, internacional, numa atividade mais amiga do ambiente, mais saudável e mais rentável.
fonte: boas noticias.pt

domingo, 25 de agosto de 2013

A desflorestação da floresta do Bornéu e a distribuição dos orangotangos

Em cima, a evolução da desflorestação do Bornéu desde 1950, com projeção para 2020.
Em baixo, a distribuição do orangotango desde 1930 até os nossos dias

Uma casa a mirrar
A maior fatia de desflorestação que se tem verificado no Bornéu, e que se prevê para a próxima década, coincide em larga medida com a área de distribuição do orangotango, não deixando margem para os animais se alimentarem convenientemente ou se deslocarem livremente nos seus territórios sem, além disso, serem alvo de caçadores, agricultores e madeireiros.
O aumento dramático do número de orfãos recolhidos nos santuários e centros de recuperação de vida selvagem locais tem conduzido à sua sobrelotação. Apesar da proclamação do presidente indonésio, em 2007, de concordância com os objetivos do Indonesia Orangutan Conservation Action Plan 2007- 2017 (nomeadamente, a libertação na Natureza de todos os orangotangos existentes nos centros de reabilitação, até 2015), o certo é que estes animais apenas devem ser libertados após anos de cuidados humanos e de adaptação vigiada à sua nova vida em meio selvagem, e nunca antes dos cinco anos de idade. Têm sido realizadas iniciativas de reintrodução de orangotangos em áreas protegidas, mas, apesar dos esforços das agências de conservação e do interesse político destas iniciativas, a realidade é que o destino dos animais é mais do que incerto, tendo em conta que os seus fatores de ameaça não estão a ser contrariados de forma minimamente encorajadora.

Super interessante nº169 – Maio de 2012

sábado, 24 de agosto de 2013

Orangotangos do Bornéu

A última escolha
São os maiores mamíferos arbóreos do planeta. Conhecidos como “homens da floresta” (do indonésio e malaio orang, “pessoa”, e hutan, “floresta”), os orangotangos foram incluídos na mesma família taxonómica da espécie humana (Hominidae) e são os últimos grandes símios hominóides presentes na Ásia. Têm também uma “profissão”: são agricultores. Os frutos constituem mais de 60 por cento da sua diversificada dieta, formada por mais 500 espécies de plantas diferentes (das quais consomem também flores, folhas, rebentos e casca) e ainda alguns insectos. Nas suas deslocações diárias, a uma altura de 6 a 10 metros na copa das árvores, estes primatas de pelagem ruiva, ar bonacheirão e reconhecida inteligência dispersam o pólen e as sementes destas plantas pelos seus territórios individuais, que cobrem centenas a milhares de hectares de floresta, contribuinso assim para o equilibrio da flora e da fauna do seu ecossistema, um dos mais ricos em biodiversidade do mundo. (!)
No entanto, a gigantesca conversão das suas florestas nativas em plantações, especialmente o óleo de palma (Elaeis guineensis), que se verificou nas recentes décadas, resultou no desaparecimento e fragmentação de grande parte do seu habitat. Trouxe ainda outras formas de pressão humana, como a caça para consumo da sua carne, a venda das crias no comércio de animais de estimação (ilegal, mas intenso e continuado) e o abate generalizado por serem considerados uma ameaça às culturas agrícolas.
De acordo com as estimativas mais recentes, 2004, a população de orangotango de Samatra (Pongo abelii) ainda existente conta apenas com perto de 7300 indivíduos presentes numa área total de floresta de 20552 quilómetros quadrados, da qual menos de metade se situa abaixo dos mil metros de altitude e consegue albergar populações permanentes. O orangotango do Bornéu (Pongo pygmaeus), por sua vez, tem a população total estimada em 45 a 69 mil indivíduos, ou seja, o equivalente ao número de habitantes das cidades de Évora e Aveiro, numa área total de habitat adequado, mas altamente fragmentado, próxima de Portugal continental.
Além de serem o único território nativo dos orangotangos, a Indonésia e a Malásia são também os maiores produtores de óleo de palma do mundo. Não é por acaso que investem na gordura vegetal desta palmeira africana, também conhecida como dendezeiro ou dendém. Cerca de metade dos produtos embalados que encontramos hoje nos supermercados, desde géneros alimentares á cosmética, comtém óleo de palma. Considerado também um percursor interessante para o biodiesel (embora menos “verde” do que parece), a sua importância não se esgota no nível macroeconómico: as famílias e os pequenos produtores locais reconhecem no óleo de palma a possibilidade da melhoria da sua qualidade de vida e a opção de escolaridade para os seus filhos, criando uma enorme pressão sobre as florestas naturais.
Foi precisamente para defender a produção sustentável de óleo de palma e os valiosos ecossistemas  que têm desaparecido a um ritmo assustador, na região, que a World Wildlife Found (WWF) ajudou a criar, em 2004, a Round-table on Sustainable Palm Oil (RSPO). Esta organização de visão mundial e empenho local junta produtores, processadores, vendedores, retalhistas, investidores e entidades bancárias, ONGs ambientais e de desenvolvimento, entidades governamentais e consumidores de bens manufaturados, com o objectivo de promover boas práticas de produção de óleo de palma e sua certificação.
Em 2008, a RSPO apenas podia contar com 17 fábricas certificadas em dois países, a Malásia e a Papuásia-Nova Guiné, mas reúne agora 29 empresas produtoras e 135 fábricas de seis nacionalidades: Brasil, Colômbia, Ilhas Salomão, Indonésia, Malásia e a Papuásia-Nova Guiné. A entrada destes novos parceiros traduziu-se num aumento de volume certificado de vendas de óleo de palma de 350 mil toneladas, em 2009, para 2,5 milhões de toneladas, em 2011. A MacDonald´s aderiu também a esta organização, em 2011, tal como já haviam feito outras grandes empresas como a Walmart e a Citigroup. Boas notícias, tendo em conta o volume deste óleo que é consumido anualmente na fritura de batatas e McNuggets nas múltiplas sucursais MacDonald´s das regiões da Ásia-Pacífico, do Médio Oriente, de África e da América Latina.
Para outras organizações de conservação, como a Greenpeace, estas notícias não são, no entanto, ainda dignas de júbilo. É óbvio que a adesão bem intencionada à RSPO não será suficiente para mudar a tendência atual, e nem sequer garante o cumprimento das boas práticas. Se as taxas de desflorestação na região se mantiverem inalteradas (ou aumentarem), os orangotangos estarão extintos dentro de duas a três décadas e, com eles, um elevado número de outras espécies biológicas, muitas delas ainda nem conhecidas pela ciência. A preocupação dos céticos não é sequer somente paisagística ou moral: a substituição das florestas tropicais húmidas por plantações, que se tem verificado em todo o mundo, nas últimas décadas, poderá fazer pesar a balança das alterações climáticas para um nível indesejável e irreversível. Por outrtas palavras, teremos de aprender a sobreviver num mundo de fenómenos climatéricos intensos e imprevisíveis dos quais já ouvimos falar, mas que ainda não acreditamos que possa materializar-se.
Para muitos analistas, a escolha principal sobre a tendência futura da região e dos seus recursos naturais é decididamente dos consumidores. O óleo de palma é mundialmente consumido de forma quotidiana e descontraída, para o que tem contribuido o facto de estar frequentemente dissimulado nas listas de ingredientes sob a designação de “óleo vegetal” ou “gordura vegetal”. No final de 2011, a União Europeia adotou regulamentação que obriga à identificação exata dos óleos de origem vegetal nos produtos alimentares, com a intenção de promover mudanças significativas na indústria do óleo de palma, bem como a proteção dos consumidores, de modo a poderem fazer escolhas informadas.
Infelizmente, o homem da floresta não pode escolher. O leitor pode. Qual é a sua escolha?

Super interessante nº169 – Maio de 2012

terça-feira, 20 de agosto de 2013

No trilho dos naturalistas em São Tomé

19/08/2013 - 16:15
O botânico Jorge Paiva e uma equipa de filmagem da produtora Terratreme estiveram em São Tomé e Príncipe a seguir os trilhos de dois naturalistas da Universidade de Coimbra que lá estiveram em 1885 e 1903. O documentário agora está a ser montado - esta é apenas uma amostra - no âmbito de um projecto sobre antigas expedições botânicas portuguesas em África.
http://www.publico.pt/multimedia/video/naturalistas-20130816-165941
Realização: Luisa Homem | Tiago Hespanha Direcção Fotografia: Pedro Pinho Som: Tiago HespanhaMontagem: Francisco Moreira Direcção Produção: Marta Lança Assistente de Produção: Rui DuarteProdução: Terratreme Coordenação de Produção: Susana Nobre Coordenação Científica: António GouveiaParticipação Especial: Jorge Paiva Voz-Off: David Pereira Bastos

Fonte: ecosfera - público.pt

domingo, 18 de agosto de 2013

Nova descoberta agrícola pode acabar com os fertilizantes

Por  em 1.08.2013 as 15:00
k-bigpic
A humanidade tem utilizado fertilizantes nitrogenados para sustentar o crescimento das plantações desde a época neolítica. Mas a produção de alimentos em quantidade suficiente para alimentar mais de sete bilhões de bocas exige aplicações pesadas de fertilizantes, e o seu uso excessivo está cobrando um preço muito caro da natureza: danos ambientais nos valores de 91 bilhões a 428 bilhões apenas no continente europeu.
Até agora, as emissões de amônia e óxido de nitrogênio por parte das indústrias de fertilizantes e os enormes impactos ambientais nas zonas marinhas próximas a fazendas causados pelo escoamento de nitrogênio eram considerados males necessários em nome da agricultura. Afinal, injetar fertilizantes no solo era a única maneira de fazer com que as plantas fixassem o nitrogênio necessário. Porém, um pesquisador da Universidade de Nottingham, Inglaterra, acabou de descobrir como forçar cada planta da Terra a retirar o nitrogênio diretamente da atmosfera, sem necessidade de fertilizantes.
O nitrogênio é essencial para plantas e animais. Mas, infelizmente, poucas plantas são capazes de absorvê-lo diretamente do ar. Elas precisam esperar que bactérias no solo o convertam em amônia ou amônio, em um processo conhecido como fixação de nitrogênio. Em seguida, as raízes da planta absorvem essas substâncias e as convertem em nitrato.
As poucas plantas que conseguem captar o nitrogênio atmosférico, especificamente legumes como ervilhas e feijões, o fazem com a ajuda de cianobactérias simbióticas que realizam a fixação do nitrogênio de dentro da própria planta. E é essa relação mutuamente benéfica que o professor Edward Cocking, diretor da Centro de Fixação do Nitrogênio da Universidade de Nottingham, desenvolveu todas as plantações do mundo.
A técnica, conhecida como “N-Fix”, não envolve a modificação do genoma da planta, e sim uma cepa específica de bactérias fixadoras de nitrogênio comumente encontradas na cana-de-açúcar. Essas bactérias podem também colonizar as células de outras espécies vegetais. A maioria das bactérias simbióticas evoluíram para viver apenas em plantas específicas, mas a cepa estudada por Cocking e sua equipe possui a capacidade de se estabelecer em praticamente qualquer lugar, incluindo todas as principais culturas alimentares da humanidade. O N-Fix é aplicado como um revestimento de sementes, quando então as bactérias penetram cada célula da planta em crescimento e lhes dão a capacidades de fixar o nitrogênio.
A universidade tem realizado testes e estudos de segurança sobre esse assunto durante mais de uma década. Recentemente, a empresa Azotic Technologies Ltd está utilizando a tecnologia em experimentos de campo para a aprovação regulatória no Reino Unido, Europa, EUA, Canadá e Brasil. Não há nenhuma palavra ainda sobre quanto tempo isso vai levar, mas, uma vez que este método vingue, vai transformar o nosso mundo. [Gizmondo]
Vídeo em http://www.youtube.com/watch?v=HzHhDpCJhjU
Fonte: hypescience

Olinguito é o novo carnívoro agora descoberto

Nº 32
agosto 2013
16-08-2013 19:00
© Mark Gurney
Cientistas do Smithsonian Institute descobrem nova espécie de carnívoro e a primeira em 35 anos no Continente americano. Recebeu o nome de olinguito e o nome científico de Bassaricyon neblina.









Tem apenas 900 gramas, uma aparência que parece resultar do cruzamento entre um gato doméstico e um urso, é ativo principalmente à noite, come sobretudo fruta, raramente desce das árvores e têm apenas uma cria de cada vez.

O olinguito é nativo das florestas da Colômbia e do Equador, mas esconde uma história curiosa, já que apesar de só agora ter sido descrito e identificado pela ciência, com a publicação da descoberta na edição de 15 de Agosto da revista científica ZooKeys, sabe-se que este pequeno animal já foi observado na natureza, esteve em jardins zoológicos e museus e que a sua identidade foi confundida durante 100 anos com a dos olingos.

Olinguito recebe nome científico </i>Bassaricyon neblina</i>
Olinguito recebe nome científico Bassaricyon neblina
© I. Poglayen-Neuwall
Kristofer Helgen, investigador que liderou a equipa de cientistas que publicou agora a descoberta diz, citado em comunicado doSmithsonian Institute que, «a descoberta do olinguito mostra-nos que o mundo ainda não está completamente explorado e que os seus segredos mais básicos não foram ainda revelados».

O investigador adianta que «se novos carnívoros podem ser descobertos, que outras surpresas nos esperam? Muitas das espécies no mundo ainda não são conhecidas da ciência. Documentá-las é o primeiro passo para compreender a completa riqueza e diversidade da vida na Terra».

Para a descoberta desta nova espécie foram precisos dez anos, sendo que o resultado foi surpreendente, já que os cientistas estavam envolvidos num estudo sobre olingos com o objetivo de saber quantas espécies de olingos eram conhecidas e como é que estas estavam distribuídas.

Para isso levaram a cabo uma vasta investigação que envolveu a deslocação a museus em todo o mundo, testes de ADN e revisão de informação histórica. Foi então que os cientistas descobriram um esqueleto e dentes de um animal que eram mais pequenos e apresentavam formas diferentes das dos olingos.

Olinguito nativo das florestas da Colômbia e do Equador
Olinguito nativo das florestas da Colômbia e do Equador
© Mark Gurney
«Exames a peles em museus revelaram que esta nova espécie era também no geral mais pequena e que possuía uma longa e densa capa», indica a instituição em comunicado e adianta que «registos no campo mostraram que a espécie ocorria numa única área das Montanhas de Andes entre 1500 metros e os 2700 metros acima do nível do mar – altitudes muito mais elevadas do que as conhecidas para o olingo.

Para Kristofer Helgen esta descoberta «é o primeiro passo» que «prova que a espécie existe e dar-lhe um nome é onde tudo começa».

O cientista diz ainda que «este é um belo animal, mas sabemos tão pouco sobre ele. Em quantos países vive? O que mais podemos aprender sobre o seu comportamento? O que precisamos de fazer para assegurar a sua conservação?».
Fonte: tvciência

UA estuda técnica inédita contra a erosão depois dos incêndios florestais

Matérias-primas para triturar a pensar no ‘acolchoamento’ não faltam em Portugal

2013-07-31
O investigador Sérgio Alegre e o mulch
O investigador Sérgio Alegre e o mulch
Reduzir drasticamente o nível de erosão dos solos florestais depois da ocorrência de um incêndio é o grande objetivo do mulching, uma técnica que pela primeira vez está a ser estudada em Portugal pela mão de uma equipa de investigação da Universidade de Aveiro (UA). Tendo em conta que após um incêndio a erosão por ação da água das chuvas pode levar a perdas de cerca de 50 toneladas de solo, a técnica em estudo pela UA pode reduzir a escorrência de águas nos terrenos ardidos em mais 40 por cento e, com isso, diminuir a erosão do solo em 90 por cento. 
O método inovador que a UA quer introduzir em Portugal, e que em tradução livre se pode designar por ‘acolchoado’, consiste na distribuição pelos solos consumidos pelo fogo de uma camada de restos florestais triturados.

“Com a vegetação e a manta morta da superfície dos terrenos transformados em cinzas o solo fica extremamente vulnerável à ação da erosão”, aponta Sérgio Alegre. O investigador do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da UA, e responsável pelos primeiros estudos em Portugal da utilização do mulching, relata que há terrenos que chegam a perder várias dezenas de toneladas de solo por hectare durante o primeiro ano depois de um incêndio.


Com a vegetação e a manta morta da superfície dos terrenos transformados em cinzas o solo fica extremamente vulnerável à ação da erosão
Com a vegetação e a manta morta da superfície dos terrenos transformados em cinzas o solo fica extremamente vulnerável à ação da erosão
“As implicações negativas que este cenário acarreta vão desde a perda de fertilidade e productividade dos solos até à destruição dos ecosistemas e bens a juzante das áreas afectadas como é o caso de caminhos, pontes, praias fluviais ou propriedades”, diz o investigador.

O problema da erosão adensa-se, por exemplo, quando esta afeta o normal funcionamento de barragens e centrais hidroelétricas. “Com a acumulação das toneladas de sedimentos levados pela chuva até aos rios, e destes até às albufeiras das barragens, estas podem perder o volume útil para armazenar a água, o que leva à necessidade do seu desassoreamento e limpeza para poder acumular mais água”, explica Sérgio Alegre.

Ainda que em Portugal o desaparecimento do solo por erosão após incêndio não esteja muito bem estudado, Sérgio Alegre aponta para investigações realizadas em “países que têm uma longa tradição nesses estudos”, nomeadamente nos EUA, onde as perdas podem atingir até 65 toneladas por hectare ardido durante o primeiro ano após o incêndio. Aqui bem perto, na Galiza, já se quantificaram perdas de 10 a 35 toneladas por hectare durante um ano.

“No caso de Portugal, só agora começamos a ter algumas estimativas, mas são medições pontuais em pequenas parcelas de erosão, pelo que é precisso continuar a investigar para conhecer os efeitos dos incêndios a escalas maiores”, refere.

Máterias-primas à mão de semear

Depois de um incêndio é preciso avaliar as zonas onde há risco de erosão
Depois de um incêndio é preciso avaliar as zonas onde há risco de erosão
Níveis de pluviosidade, inclinação dos terrenos, características geológicas, clima, tipos de vegetação e ciclo de incêndios a que o terreno tem estado sujeito são alguns dos fatores ligados ao processo de erosão e que influenciam as perdas de solo.“Depois de um incêndio é preciso avaliar as zonas onde há risco de erosão. É claro que não podemos tratar toda a superfície ardida com o mulching porque seria inútil aplicá-lo nalgumas áreas que não precisam”, aponta Sérgio Alegre.

É o caso das áreas sem declive ou áreas ardidas com uma baixa intensidade do fogo onde as árvores ainda possuem folhas nas copas que, depois de caírem, fornecem de uma proteção natural ao solo. No caso dos pinhais, “a caruma funciona como um mulching natural tão efetivo como os restos florestais triturados”.

Matérias-primas para triturar a pensar no ‘acolchoamento’ não faltam em Portugal. “Pode-se aplicar as toneladas e toneladas de cascas de madeira que não são utilizadas pelas fábricas de pasta de papel. É um material muito bom pois tem fibras longas que se adaptam ao solo formando uma espécie de rede que retém água e sedimentos”, explica o investigador do CESAM.

O mulching pode igualmente fazer uso do que sobra das podas e de “restos derivados das limpezas dos matos, dos jardins ou das bermas das estradas que, na maioria dos casos, são enviados para lixeiras”.

Técnicas actuais ineficazes

Aplicado à mão ou com recurso a meios aéreos sobre os terrenos mais expostos a fenómenos de erosão, o mulching pretende substituir as “ineficazes” mas muito usadas barreiras de madeira cravadas nos solos ardidos para reterem águas e sedimentos. Sérgio Alegre aponta que “ em comparação com o mulch, essas barreiras, não cumprem a função de reter as águas e de mitigar a perca de sedimentos dos terrenos expostos à erosão”.

O mulching pode igualmente fazer uso de restos derivados das limpezas dos matos
O mulching pode igualmente fazer uso de restos derivados das limpezas dos matos
Pelo contrário, o investigador do CESAM, garante que o mulch, numa primeira fase, reduz as perdas de solo e, posteriormente, através da própria decomposição dos restos florestais, acaba por se incorporar no ecossistema florestal. “Como é um material que pode reter água por absorção ou por retenção nas micro-barreiras que as fibras formam, este método reduz a quantidade de água que flui para os rios até 40 ou 50 por cento”, explica Sérgio Alegre.

O processo, que “dá o mesmo trabalho que a colocação das barreiras”, pode evitar despesas maiores. O investigador não tem dúvidas: “Se com esta técnica se evitar que a perda do solo, um recurso não renovável à escala humana, leve à alteração dos ecossistemas aquáticos a jusante da área ardida, ou que, por exemplo, uma barragem fique cheia, então os gastos estão mais do que justificados”.
Fonte: Ciênciahoje.pt