terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

EUA e Canadá apostam em fungicida português


Segunda-feira, 13 de Fevereiro de 2012
Foto © InfoJardin
A FMC Agricultural Products assinou um contrato exclusivo com a empresa portuguesa Consumo Verde (CEV), Biotecnologia das Plantas, S.A., para a distribuição na América do Norte de um fungicida amigo do ambiente desenvolvido pelo Instituto Superior de Agronomia.

Este contrato foi anunciado pela FMC na terça-feira da semana passada e o  produto deverá ser comercializado nos EUA e no Canadá sob a designação de Problad Plus.

A criação deste fungicida resultou do trabalho de investigação desenvolvido pelo Instituto Superior de Agronomia (ISA), da Universidade de Lisboa, ao longo dos 10 últimos anos, envolvendo três investigadores e docentes do ISA. A empresa CEV procedeu ao desenvolvimento do produto, com vista à sua produção e comercialização à escala industrial.

O Problad Plus é o único fungicida patenteado à base do ingrediente ativo “Blad”, proteína que possui uma atividade antifúngica muito potente, mas apenas relativamente aos fungos para as plantas.

Este fungicida não é tóxico,  não tem efeitos secundários para as pessoas nem para o meio ambiente e ajuda a controlar, de forma sustentável, os fungos em árvores de frutos e vegetais.
 
“Problad Plus é uma nova e única tecnologia que tem demonstrado uma performance melhor ou igual do que os fungicidas tradicionais que são atualmente utilizados”, afirmou Neil DeStefano, Diretor de Negócios e de Desenvolvimento de Produtos da FMC.

A FMC já realizou testes do Problad Plus na Califórnia e na Florida, em 2011, e continuará este ano na América do Norte. A FMC pretende ainda expandir os testes a outras áreas num futuro próximo.

A FMC Corporation é uma das mais prestigiadas empresas químicas norte-americanas que se dedica a vários setores, entre eles, o agrícola e industrial. Com este contrato agora assinado, vem comprovar o interesse estratégico a nível mundial deste fungicida português.

Clique
 AQUI para aceder ao Press Release da FMC e AQUI para aceder a informações acerca do trabalho de investigação da ISA.

[Notícia sugerida por Tita Justino Almeida]
 Por: Boas noticias

Janeiro trouxe calor e extremos para o globo


Por Dalane Santos em 19.02.2012 as 12:00RSS RSS Feeds
O primeiro mês de 2012 foi classificado como o 19º janeiro mais quente desde 1880, quando as temperaturas globais passaram a ser registradas e mantidas, de acordo com os U.S. National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA).
O NOAA informou que a temperatura combinada da terra e da superfície do oceano durante o mês atingiu 12 graus Celsius, superando a média para o século 20.
Janeiro de 2012 foi um mês de extremos climáticos no Hemisfério Norte. A América do Norte, partes do norte da Europa e da Ásia, sul da América do Sul e a maior parte da Austrália tiveram temperaturas acima da média. Enquanto isso, o Alasca, China, Mongólia, Cazaquistão, centro-sul da Rússia, grande parte do Oriente Médio, norte da Índia, norte da África e o sudoeste da Groenlândia experimentaram algo incomum.
Trata-se de um ano de temperaturas quentes para grande parte da superfície do planeta, acima da média verificada durante 2011. Só os Estados Unidos vivenciaram uma série de desastres relacionados ao tempo sem precedentes, de secas, passando por queimadas e até um furacão.[LiveScience]
Por: Hypescience

Projeto quer substituir plástico por restos de madeira


Quarta-feira, 15 de Fevereiro de 2012
Foto © Francisco Santos
Um projeto da União Europeia, o Forbioplast, pretende substituir plásticos por compostos de madeira. O objetivo é aproveitar os desperdício da indústria da madeira e fabricar embalagens - e outros produtos - não tóxicos e biodegradáveis.

O Forbioplast (Forest Resource Sustainability through Bio-Based-Composite Development) é um consórcio de 16 países e está a ser coordenado por Andrea Lazzeri, da Universidade de Pisa (Itália).

O principal objetivo é utilizar os restos de madeira como matéria-prima para a produção de espumas de poliuretano – um composto químico usado em peças de plástico, espumas, adesivos e fibras - de forma sustentável e inovadora, com consumo reduzido de energia. 

Para tal, alguns subprodutos de madeira estão a ser analisados pelo grupo de investigadores, a fim de produzir espumas compósitas, que poderão, assim, ser usadas para fabricar embalagens podendo também ser aplicadas noutras indústrias.

Um dos parceiros, na indústria automóvel, é a FIAT que está a examinar a utilização de fibras de madeira “para substituir fibras sintéticas e de vidro em peças de veículos, como bancos, painéis de instrumentos e painéis das portas”.

Este projeto tem-se desenvolvido desde Julho de 2008 e irá decorrer até Junho deste ano. Em Maio será realizada uma conferência para a apresentação de resultados do projeto, destinado a potenciais utilizadores finais.

Clique
 AQUI para aceder ao site oficial da Forbioplast e obter mais informações do projeto.

[Notícia sugerida por Patrícia Guedes]
Por: Boas noticias

SMOS: de missão marítima a caçador de furacões

Satélite ajuda a melhorar previsões
2012-02-14
Furacão Igor provocou mistura de água doce com águas salgadas.
O satélite da Humidade dos Solos e Salinidade dos Oceanos (SMOS), da classe ‘Earth Explorers’ da Agência Espacial Europeia (ESA), demonstrou que também pode obter informações únicas para melhorar as previsões dos furacões.com um novo radiómetro de micro-ondas é capaz de capturar imagens de "temperatura de brilho”, que correspondem a radiação emitida a partir da superfície da Terra e podem ser usadas para determinar a quantidade de água retida nos solos e a quantidade de sal que existe nas águas superficiais dos oceanos.

As informações vêm contribuir para compreender melhor o ciclo da água e as interacções entre a superfície da Terra e a atmosfera. O sensor SMOS trabalha na “banda-L”, em frequências à volta de 1,4 GHz, o que também permite determinar velocidades de ventos superficiais sobre os oceanos, mesmo em condições de nebulosidade e chuva.
Quando os ventos atingem “velocidades de tipo vendaval”, sobre os oceanos, a rebentação e as cristas das ondas afectam a radiação de micro-ondas emitida pela superfície. Isto significa que quando uma tempestade se forma, as alterações na radiação emitida podem ser directamente relacionadas com a força do vento sobre o mar e é muito menos perturbada pela chuva e efeitos atmosféricos do que por frequências de micro-ondas mais elevadas.

Como as nuvens e a chuva são típicas de ciclones tropicais, as medições feitas pelo SMOS complementam de forma única as observações feitas em condições extremas, quando os dados obtidos a partir de outros satélites se tornam menos precisos. Isto significa que o satélite SMOS tem potencial para aumentar o rigor na previsão da força dos ciclones tropicais.

Esta capacidade recém-descoberta do satélite foi demonstrada pela análise de dados do SMOS relativos ao furacão Igor, que alcançou a categoria 5 no Atlântico Norte, em 2010. A sua grande área espacial e as revisitas frequentes permitiram que o satélite interceptasse o furacão nove vezes entre 11 e 19 de Setembro.

As velocidades de vento superficial foram estimadas a partir de imagens SMOS da temperatura de brilho, utilizando uma técnica desenvolvida por cientistas do Instituto Francês para Pesquisa e Exploração do Oceano, Ifremer, e da Collecte Localisation Satellites, CLS, através do programa da ESA Earth Observation Support to Science Element. As estimativas da velocidade de vento superficial estão de acordo com modelos de previsão de furacões e com os dados obtidos por aviões NOAA sobre o furacão.
SMOS também determina velocidade dos ventos.
Igor muda a salinidade

Esta informação pode ser particularmente útil nos estágios iniciais de furacões em desenvolvimento a leste da bacia tropical do Atlântico e sobre ciclones no meio do Pacífico, já que estas áreas estão longe de terra e são, por isso, difíceis de chegar por avião.

O SMOS obteve ainda outro resultado importante: mostrou que a salinidade das águas superficiais se altera durante a formação de um furacão. Esta é a primeira vez que tais mudanças foram detectadas a partir do espaço.

O Igor provocou a mistura da pluma de água doce da Amazónia com águas salgadas mais profundas, aumentando a salinidade à superfície. A combinação de dados de salinidade a partir do SMOS com informações sobre temperaturas e alturas superficiais marítimas vai melhorar a monitorização de água doce e de água quente relativamente à intensidade dos furacões.

Apesar de os Earth Explorers da ESA serem desenvolvidos para lidar com questões científicas específicas, continuam a demonstrar a sua versatilidade e o papel complementar que desempenham não só no avanço da nossa compreensão da Terra, mas também no seu potencial para aplicações quotidianas.
 Fonte: Ciência hoje

Fêmeas também são atraídas por cantos menos elaborados

Estudo da Universidade do Porto e de Melbourne comparou felosas do Novo Mundo
2012-02-16
Analisados vários aspectos do canto das felosas. (Wikipédia)
Alguns pássaros atraem as fêmeas com cantos simples e mostram a sua habilidade na forma como cantam, constatação que contraria a ideia de que estas preferem parceiros com cantigas complexas, reconhecendo versatilidade na selecção sexual.

O estudo comparativo sobre o canto de um grupo particular de aves, as felosas do Novo Mundo, foi desenvolvido por Gonçalo Cardoso, da Universidade do Porto, e Yang Hu, da Universidade de Melbourne, na Austrália. As conclusões do trabalho, publicado no jornal da «American Society of Naturalists», apontam para que a selecção sexual possa ser uma força muito mais versátil na evolução do que se pensava antes.
"O nosso objectivo é tentar explicar a razão da diversidade, porque é que algumas aves têm cantos muito elaborados e outras têm cantos muito simples, quando aparentemente todos desempenham a mesma função": atrair as fêmeas e competir com outros machos, no seu território, explicou Gonçalo Cardoso.

É aceite pelos especialistas que a elaboração dos cantos serve uma função de atracção de fêmeas e na selecção sexual visando a reprodução, e na competição com os outros machos. O cientista refere
 "um paradoxo" pois, "quando se olha para a variedade de espécies que existe e os diferentes níveis de selecção sexual, ou seja, de competição por parceiros, estes não estão relacionados com a elaboração dos cantos nas aves".

Na comparação de felosas do Novo Mundo, foram analisados vários aspectos do canto, não só
 "a elaboração, mas também a performance [desempenho] vocal ou quão difíceis são as canções". Gonçalo Cardoso disse que "o resultado principal foi que algumas espécies têm cantos bastante complexos, com grandes repertórios de sílabas, e outras espécies têm cantos muito simples, em que grande parte do canto é só repetir a mesma sílaba, mais ou menos rapidamente".

O facto de o canto ser composto somente por uma ou duas sílabas, sucessivamente repetidas, não significa simplicidade, já que as canções podem ser
 "fisiologicamente mais difíceis, são mais difíceis de cantar para as possibilidades vocais", pormenorizou o especialista.

Assim, diferentes espécies enfatizam diferentes aspectos do seu canto, ou elaboração e complexidade ou alto desempenho vocal, mostrando habilidade, com repetição ou mudança rápida de frequência de som.

Para Gonçalo Cardoso,
 "este caso é um exemplo bastante claro de diferentes espécies a evoluir sobre uma pressão selectiva semelhante, competição por fêmeas, competição entre machos. Diferentes espécies nas mesmas circunstâncias evoluem em direcções que não são só diferentes, são opostas".
Fonte: Ciência hoje

Foto: redemoinho oceânico gigante


Por Natasha Romanzoti em 14.02.2012 as 10:25RSS RSS Feeds
Qualquer coisa que lembre um desastre natural parece ser péssimo e só trazer danos, mas nem sempre esse é o caso.
Os oceanos da Terra têm tempestades e climas que rivalizam em tamanho e escala com os ciclones tropicais. Mas, em vez de destruição, essas tempestades, mais conhecidas como redemoinhos, são mais propensas a dar vida ao mar, muitas vezes em lugares que seriam de outra forma estéreis.
A imagem acima foi tirada pelo Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer (MODIS), um satélite terrestre da NASA.
A foto em cor natural mostra um redemoinho ocorrido em 26 de dezembro de 2011, com 150 quilômetros de largura e uma explosão de fitoplâncton (traçada em azul claro), a aproximadamente 800 quilômetros ao sul da África do Sul.
O redemoinho em sentido anti-horário provavelmente começou na Corrente das Agulhas, uma corrente marítima que corre ao longo da costa do sudeste da África e em torno da ponta da África do Sul.
Redemoinhos Agulhas tendem a estar entre os maiores do mundo, transportando água quente e salgada do Oceano Índico para o Atlântico sul.
Alguns redemoinhos, como este, agitam o oceano o suficiente para levantar nutrientes do fundo, fertilizando as águas mais superficiais e provocando florações de minúsculos organismos vegetais.[LiveScience]
 Por: Hypescience

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Biocombustíveis: “Existem muitos interesses em jogo”

Consultora da FAO criticada por defender retirada dos subsídios a esta indústria
2012-02-15
Por Susana Lage
O biocombustível pode reduzir as emissões de gases de efeito estufa
Os biocombustíveis podem ser uma das soluções para reduzir as emissões de gases de efeito estufa nos transportes. No entanto, tanto a sua produção como comercialização continuam envolvidas em debate.

Na semana passada, em Lisboa para participar no VIII Congresso do Milho, a consultora da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), Ann Berg, afirmou que a produção de biocombustíveis a partir de alimentos é “ridícula”.
“É um uso ridículo para os alimentos quando há pessoas a morrer de fome”, afirmou a especialista em mercado e ex-directora da Bolsa de Chicago em entrevista à Agência Lusa.

A representante da FAO disse que a utilização de alimentos para produzir combustíveis tem um impacto enorme sobre a disponibilidade e os preços, apontando casos como o dos Estados Unidos da América onde 40 por cento do milho cultivado é usado em biocombustíveis. 
“São cerca de 125 milhões de toneladas que dariam para alimentar 600 milhões de pessoas durante um ano”, exemplifica.

Ann Berg advoga a retirada de subsídios a esta indústria para que o mercado livre possa funcionar. Esta seria a forma mais eficaz de aliviar a pressão dos biocombustíveis sobre o preço de matérias-primas básicas já que não acredita noutros mecanismos de controlo, como o preço de desencadeamento.
Pedro Sampaio Nunes
Ao Ciência Hoje (CH), Pedro Sampaio Nunes, presidente daGreencyber, comenta que não é da mesma opinião. “Discordo totalmente da posição da consultora, é a produção de biocombustíveis que fará descer o preço dos produtos alimentares”, afirma.

Segundo o engenheiro,
 “existem muitos interesses em jogo nesta questão e a Nestlé e a Unilever investiram meios muito significativos numa campanha mundial de descredibilização dos biocombustíveis". No entanto, "o caminho para uma penetração cada vez mais importante dos biocombustíveis parece irreversível”, garante.

Sampaio Nunes afirma que alguns consultores prestaram-se a fazer
 “trabalhos pseudo-científicos na linha da argumentação da Nestlé”, que para o empresário são “verdadeiramente criminosos” por “tentar retirar esta oportunidade única dos países mais pobres do planeta de saírem do seu ciclo vicioso de pobreza e de fome”.

Ainda assim, de acordo com o presidente da Greencyber, o que está a acontecer é o contrário,
 “África deve o seu recente desenvolvimento sustentado, entre outros factores, ao explosivo desenvolvimento do seu potencial agro-industrial, nomeadamente na área dos biocombustíveis, que reduzem igualmente a sua elevada dependência energética, barreira ao desenvolvimento”.

Por outro lado,
 “a abundância de área cultivável disponível e a possibilidade de as aproveitar permite encarar com optimismo a possibilidade de se resolverem vários problemas de uma só vez” como o desenvolvimento rural e económico, fixação de populações nos meios rurais e a solução da falta de alimentos, sustenta.

Fernando Augusto dos Santos, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, também discorda com a ideia de que a produção de biocombustíveis a partir de alimentos é
 “ridícula”.
Fernando Augusto dos Santos
A afirmação “parece-me perfeitamente exagerada”, diz. “É obvio que se pode questionar a utilização de matérias-primas, nomeadamente cereais, para obtenção de combustíveis mas, como tudo na vida, é uma questão de bom senso, coisa que a Ann Berg não deve ter, pois terá outros interesses”, refere.

O professor do departamento de agronomia gostaria que fosse dado maior relevo às culturas não alimentares, como jatrofa, o que
“permitiria dar trabalho a muita gente”. E dá o exemplo do projecto da Galp, no norte de Moçambique. “Em relação aos custos é obvio que actualmente não são comparáveis, na maioria das situações, com excepção para a cana-de-açúcar no Brasil, mas a situação nos principais países produtores, nomeadamente o Irão (2º produtor) e mesmo a Arábia Saudita (1º produtor) não inspiram confiança”.

Também contactado pelo
 CH, António Comprido, secretário-geral da APETRO, manifesta a sua posição quanto à produção de biocombustíveis, apesar de não comentar a declaração de consultora da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura.

“Trata-se de uma alternativa importante aos combustíveis fósseis particularmente na área dos transportes e, como, tal deverá continuar a ser desenvolvida. É importante que este desenvolvimento possa contribuir para uma redução efectiva das emissões de gases com efeito de estufa, numa óptica de ciclo de vida, e que respeite os critérios de sustentabilidade assegurando que não prejudicam a produção de bens alimentares, não utilizam indevidamente os solos e não prejudicam a biodiversidade”, explica.
Fonte: Ciência hoje