sexta-feira, 18 de abril de 2014

Pesticidas estão a destruir solos nacionais, alertam Investigadores

actualizado: Mon, 14 Apr 2014 16:18:53 GMT | de Lusa

Uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro (UA) concluiu que as misturas de pesticidas utilizados na agricultura para combater pragas estão a provocar efeitos colaterais nos organismos que regeneram o ecossistema terrestre, colocando em causa a saúde dos solos.
MARIO CRUZ/LUSA
MARIO CRUZ/LUSA
"Já testámos vários tipos de pesticidas aplicados amplamente em todo o país e na Europa e verificámos que eles produzem efeitos muito mais nefastos do que seria à partida previsível", disse Susana Loureiro, investigadora no Departamento de Biologia e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da UA.
A coordenadora da equipa dá como exemplo o chamado "remédio dos caracóis" que, além do alvo principal, também acaba por matar outros organismos como bichos-de-conta, minhocas e outros invertebrados benéficos para o solo.
Sem estes organismos e sem o papel crucial que desempenham na decomposição da matéria orgânica e na redistribuição dos nutrientes, os solos agrícolas não conseguem manter-se saudáveis, refere a bióloga.
A equipa, que estuda há vários anos o efeito dos químicos usados na agricultura, tem igualmente verificado que há vários compostos químicos que induzem efeitos que se prolongam ao longo de várias gerações desses organismos, podendo dar origem ao colapso de populações.
Os investigadores apontam o dedo a uma legislação que apenas regula a utilização individual de cada químico ignorando a mistura de pesticidas, uma prática que dizem ser normal no setor agrícola e que potencia o efeito tóxico dos compostos utilizados.
"Nos solos agrícolas há décadas que se utilizam cocktails químicos perigosos e imprevisíveis sobre os quais a legislação em vigor em Portugal e na Europa nada diz", afirma Susana Loureiro.
A investigadora defende a criação urgente de um plano de monitorização ambiental para manter a qualidade dos solos e dos serviços que esses solos proporcionam quer na Europa quer em Portugal.
JYDN // MSP

terça-feira, 8 de abril de 2014

Investigadores da UA propõem nova solução para inactivação de bactérias multirresistentes em esgotos

2014-03-24

Da esquerda para a direita: José Cavaleiro, Amparo Faustino, Augusto Tomé, Ângela Cunha, Graça Neves, Eliana Alves e Adelaide Almeida
Da esquerda para a direita: José Cavaleiro, Amparo Faustino, Augusto Tomé, Ângela Cunha, Graça Neves, Eliana Alves e Adelaide Almeida
Uma equipa multidisciplinar da Universidade de Aveiro, tem vindo a trabalhar em novas aplicações de métodos utilizados noutras áreas científicas no sentido de procurar uma solução para a resistência de estirpes bacterianas a vários antibióticos,

Um destes métodos, designado por terapia fotodinâmica, tem vindo a ser testado no tratamento de esgotos hospitalares onde são frequentemente encontradas essas bactérias multirresistentes e, segundo os estudos realizados até agora, mostra ser bem mais eficiente que outras abordagens convencionais.

As estirpes de bactérias em causa, onde se incluem, entre outras, o Staphylococus aureus e Enterococus sp., podem ser causadoras de infecções simples ou sistémicas,infecções respiratórias ou intoxicações de difícil tratamento devido à sua resistência a vários antibióticos conhecidos. Mais frequentes nos efluentes hospitalares, já foram também detectadas em estações de tratamento de águas residuais para onde
aqueles acabam por ser conduzidos sem um tratamento prévio adequado.

A terapia fotodinâmica (PDI, do inglês “photodynamic inactivation”), método já usado no tratamento de certos tipos de cancro, está agora a ser testada no tratamentodestes efluentes hospitalares. Consiste basicamente na utilização de “fotossensibilizadores”, como porfirinas, ftalocianinas, clorinas e alguns corantes que, que absorvem luz visível, transferindo energia para moléculas ao seu redor, originando espécies reativas de oxigénio (ROS – reactive oxygen species) que são altamente citotóxicas provocando alteração nas biomoléculas (proteínas, lípidos e ácidos nucleicos) destes microrganismos patogénicos, levando à sua inactivação.




Exemplos de bactérias multirresistentes estudadas nesta investigação
Nenhum dos estudos realizados até agora mostrou ser possível desenvolver resistência bacteriana a este tipo de tratamento, indicando que este método produz efeitos irreversíveis nestes microrganismos.

A equipa, coordenada por Adelaide Almeida, envolve investigadores do Departamento de Biologia que pertencem ao Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), laboratório associado da UA, e do Departamento de Química, mais concretamente à Unidade de Investigação Química Orgânica, Produtos Naturais e Agroalimentares (QOPNA).


Este estudo indica que há vantagens em realizar o tratamento por terapia fotodinâmica ainda no efluente hospitalar onde existem, habitualmente,resíduos de antibióticos, possibilitando uma acção sinérgica, levando a uma maior eficiência de inactivação das bactérias multirresistentes.
Fonte: ciência hoje.pt

terça-feira, 1 de abril de 2014

O que os anéis das árvores revelam

Com frações de milimetro de largura, são um arquivo biológica preciso da História recente e antiga.
A datação através dos anéis das árvores é um campo científico promissor. Os anéis provaram ser arquivos precisos de dados biológicos, fornecendo pistas preciosas sobre as condições climáticas ao longo dos milénios. A espessura e cor dos anéis varia consoante a quantidade de chuva, temperaturas sazonais médias, pragas e surtos de doenças, e eventos como vulcões, fogos e cheias. Um corte transversal de uma árvore é um retrato biológico de um dado local e momento na história da Terra.
Gíria dos anéis
Os círculos concêntricos representam (de dentro para fora) olento crescimento e a morte de celulas de xilema, que começam por ser alburno ativo e depois endurecem, formando o cerne. Todo o crescimento ocorre ao longo do câmbio, a fina camada sob a casca onde nascem as células de floema e xilema.

MedulaMassa esponjosa no centro de todos os caules (os troncos são caules), que se compata e solidifica á medida que o diâmetro da árvore aumenta.
CerneAo serem obstruídas ou secarem, as células antigas de xilema no alburno deixam de transportar seiva e tornam-se cerne.
AlburnoComposto por novas células de xilema, age como sistema vascular ativo da árvore, bombeando seiva cheia de nutrientes das raízes até aos ramos e folhas.
CâmbioEsta fina camada entre a entrecasca e o alburno é onde se dá o crescimento da árvore, com a produção de células de xilema no interior da camada e de floema no exterior.
FloemaTambém conhecido como entercasca. As células do floema formam-se no exterior do câmbio e ajudam a transportar açúcares da fotossíntese para os locais necessários
CascaA casca é um conjunto de células mortas, um material ceroso que protege as camadas externas da madeira. À medida que a árvore cresce, a casca racha permitindo o crescimento de casca nova.

Fonte: quero saber Novembro 2010 

Métodos de datação: Os anéis das árvores

Os anéis das árvores
O conceito da determinação da idade de uma árvore através da contagem dos seus anéis está apenas parcialmente correto – a maioria das árvores em regiões temperadas produz um único anel visível por ano. A madeira é composta de células mortas de xilema (seiva bruta rica em água e sais minerais) – longas, tubulares e verticais, transportam nutrientes das raízes ao resto da planta. No início da época de crescimento anual da árvore, as células de xilema possuem paredes mais finas, produzindo a seção mais clara dos anéis, chamada alburno. No final da época de crescimento, as células já se tornaram mais espessas  densas, formano a caraterística faixa escura (ou cerne) que separ os anéis  árvore. De acordo com os dendrocronologistas, que estudam e datam os anéis das árvores, o problema da contagem dos anéis é que os falsos anéis e os anéis em falta são comuns. Mais: a contagem dos aneis inviduais só nos dá a idade da árvore no momento do corte ou da morte. Como determinar a idade da árvore no contexto do tempo geológico?
A solução é a datação cruzada, que começa com uma árvore jovem de idade conhecida. Talvez se conheça a data precisa da plantação ou os seus anéis contenham evidências de uma seca ou vulcão bem documentados. Os cientistas extraem uma amostra transversal da árvore e medem a largura de cada anel. A sequência de medições pode depois ser comparada, a olho ou com a ajuda de software, com amostras de árvores ligeiramente mais velhas, da mesma zona geográfica. Recuando no tempo, é possível criar uma cronologia da região – um registo das espessuras dos anéis desde o presente até séculos ou milénios atrás.

Fonte: quero saber Novembro 2010