quinta-feira, 16 de junho de 2011

Cinzas do vulcão Puyehue poderão dar a volta ao mundo



15.06.2011
Helena Geraldes
As cinzas do vulcão Puyehue, em erupção no Chile há onze dias, deslocam-se a uma velocidade suficiente para poderem dar a volta ao mundo, acredita um especialista do Governo. As perturbações no espaço aéreo podem durar meses.
Hoje, a coluna de cinzas expelida do vulcão atingiu uma altitude de nove quilómetros, “com um aspecto muito denso, de cor cinzento escura”, informa o Sernageomin – Serviço Nacional chileno de Geologia e Minas, em comunicado. A “instabilidade da actividade eruptiva possibilita a ocorrência de eventos explosivos maiores, com a consequente geração de fluxos piroclásticos igualmente maiores aos já ocorridos”, acrescenta. O Sernageomin não afasta a possibilidade de a erupção aumentar de intensidade.
Enrique Valdivieso, director do Sernageomin, acredita que as cinzas poderão dar a volta ao mundo, uma vez que se deslocam a “velocidades bastante altas e assim vão continuar”, cita hoje o jornal espanhol “El País”.
O impacto no espaço aéreo deverá fazer-se sentir durante vários meses. Centenas de voos já foram cancelados, especialmente na Argentina e Uruguai mas também no Brasil – onde os aeroportos mais afectados são os de São Paulo e Rio de Janeiro -, Austrália e Nova Zelândia. “Não há sinais de que a situação vai mudar ou estabilizar a curto prazo”, disse Valdivieso à agência Reuters. “Estas cinzas finas poderão permanecer no ar durante meses. Se a coluna de cinzas continuar a atingir os nove quilómetros de altitude, pode espalhar-se facilmente. Quanto mais elevada ela chegar, mais área vai abranger”, acrescentou o especialista.
Quanto às pessoas desalojadas no Chile, Valdivieso disse que não poderão regressar a casa enquanto não baixar a actividade sísmica registada, com pelo menos seis sismos por dia na zona do Puyehue.
Ainda assim, as cinzas não terão substâncias prejudiciais à saúde, segundo a Comissão Nacional de Energia Atómica da Argentina. “A cinza é composta por silício, alumínio, potássio, cálcio, ferro, titânio, magnésio, sódio e uma pequena quantidade de cloro”, afirma a comissão, em comunicado, depois de análises às poeiras. “Não foi detectada a presença de substâncias que possam afectar a saúde, como o arsénio ou o enxofre”.
A zona mais afectada pela actividade vulcânica do Puyehue é o Sul da Argentina. Segundo noticia o “El País”, cidades como Bariloche estão há quase onze dias cobertas por um manto cinzento e a chuva de cinzas invadiu rios e lagos, prejudicando a agricultura e pecuária.
O vulcão Puyehue, com 2240 metros de altura, situa-se na cordilheira dos Andes. A sua última grande erupção aconteceu em 1960, depois do sismo de Valdivia, de magnitude 9,5 na escala de Richter. Morreram 5700 pessoas no Chile.
Público

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