segunda-feira, 20 de junho de 2011

Alternativa ecológica para tratamento de águas residuais

Fito-etar instalada pela primeira vez em unidade de turismo
2011-06-16
Por Carla Sofia Flores
 
Fito-etar está completamente integrada na paisagem envolvente
O tratamento de águas residuais através de sistemas que utilizam vegetação e microrganismos é uma alternativa que tem vindo a ser implementada em Portugal ao longo dos últimos anos.
Mas agora, através de um projecto da Escola Superior de Biotecnologia (ESB) da Universidade Católica no Porto (UCP), este tipo de solução ganhou uma nova abordagem ao ser aplicado numa unidade de turismo localizada em Ponte de Lima, devido às características típicas destas instalações, como a sazonalidade dos resíduos.
Este sistema, denominado de fito-etar, é uma alternativa ecológica às etares convencionais e caracteriza-se por recorrer ao leitos de plantas e a microrganismos como meio de tratamento de águas residuais, recriando assim as condições depurativas encontradas nas zonas húmidas naturais.
“É um tratamento biológico feito através de plantas e de microorganismos que as colonizam e que promove a degradação natural dos poluentes", explicou ao «Ciência Hoje», Paula Castro, investigadora da ESB-UCP, destacando que esta alternativa promove a biodiversidade e também tem uma boa integração na paisagem.
Embora as fito-etares não sejam “uma novidade”, a sua implementação em unidades de turismo é pioneira. “Neste caso em particular, foi estudada a sua aplicação tendo em conta as características típicas das casas de turismo, como a sazonalidade das águas residuais”, referiu a investigadora. Além disso, apesar de não se pretender “substituir as estações convencionais”, em alguns casos, as fito-etares podem ser a alternativa a não se ter qualquer estação de tratamento.
Com este projecto, a ESB-UCP pretende recolher um conjunto de dados que possa ser usado noutros modelos. Paula Castro frisou que a implementação desta fito-etar em Ponte de Lima  - já há dez meses – “está a ter resultados promissores, visto que se tem verificado a degradação dos poluentes” e que “as águas tratadas têm sido aproveitadas para efeitos de rega”.

Paula Castro
Segundo a investigadora, este processo conjunto da universidade portuguesa e da unidade de turismo, que contou com a parceria com a Universidade de Aahrus, na Dinamarca,  é uma solução mais económica relativamente aos sistemas convencionais de tratamento, para além de promover a reutilização da água.
“Não há muita tecnologia de ponta envolvida nem muita necessidade de manutenção, pelo que os seus custos são mais reduzidos. É uma solução mais simples e, em muitas situações, mais apetecível”, sublinhou.
A ESB também já testou esta tecnologia em tipologias diferentes de águas residuais, como na indústria dos curtumes. Nesta situação a escolha de plantas teve de recair sobre espécies mais resistentes aos resíduos poluentes, ao contrário do que aconteceu na unidade de turismo de Ponte de Lima, em que as plantas foram "criteriosamente seleccionadas", sobretudo, tendo em conta questões ornamentais e a integração na paisagem.
Fonte: Ciência Hoje

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