quarta-feira, 6 de julho de 2011

O segredo dos sobreviventes


 Rubrobacter
Das cerca de 6 mil espécies de bactérias (e das centenas de milhares de espécies de protozoários, algas, animais e plantas) conhecidas, as espécies Deinococcus e Rubrobacter são de longe os seres vivos mais resistentes a radiações gama (ionizantes), como aquelas libertadas por explosões atómicas como Chernobyl ou as fontes de cobalto usadas para esterilizar muitos produtos que utilizamos todos os dias ou para o tratamento de neoplastias. Estes micróbios toleram e proliferam na presença de radiações ionizantes milhares de vezes mais fortes que as suportadas pelos outros seres vivos. Agora uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e do Instituto Pasteur estão a procurar a substância responsável pela protecção contra a desidratação e radiação ultravioleta e gama apresentadas pelos micróbios Rubrobacter radiotolerans e pelas espécies de Deinococcus considerados como os mais resistentes a radiações do mundo. Baptizado como portador do elixir da juventude o Rubrobacter radiotolerans desenvolve-se em ambientes tão diversos como desertos, salas de cirurgia e zonas termais teve o seu genoma sequenciado no Biocant em 2007. Sendo o nível de radiação na biosfera insignificante, como se desenvolveram estes organismos há muitos milhões de anos visto a radiação só ter sido introduzida por meio do Homem há cerca de 60 anos? Os investigadores pensam que as bactérias evoluíram no sentido de resistirem á secura extrema, porque os danos são semelhantes, a título de exemplo num grama de solo do deserto da Arizona foram encontradas nove espécies de Deinococcus às quais foram dados nomes de tribos índias, e em efluentes poluídos de altas temperaturas bem como em gelo de montanhas. As 3 espécies isoladas do gelo são semelhantes a outras espécies de Deinococcus, contudo não conservam a qualidade de imunidade á secura e radiação, motivo pelo qual se vai tentar saber quais os genes que reparam o ADN das outras espécies. Já a Rubrobacter xylanophilus (descoberta pela equipa, que é a mais termófila e rádio-resistente) acumula dentro da célula grandes quantidades de trealose e manosilglicerato em condições normais para o micróbio. Se o estudo confirmar que os sistemas antioxidantes e anti-radiações encontradas forem responsáveis pela protecção das proteínas e do ADN podemos pensar no desenvolvimento de novas moléculas para serem co-administradas em tratamento de várias doenças em que se destacam as de foro oncológico e para a prevenção do envelhecimento através de novas fórmulas antioxidantes para a protecção contra os efeitos nefastos dos radicais livres. Porém devemos manter-nos cautelosos, “se estes organismos são aqueles que irão sobreviver mais perto do local de uma explosão nuclear então devem ser estudados.”
Fonte: Super interessante

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