sábado, 24 de novembro de 2012

Utilização crescente do carvão para produção de eletricidade “é a pior opção” – Quercus


actualizado: Fri, 09 Nov 2012 09:30:10 GMT | de Lusa
A Quercus defendeu que a utilização crescente do carvão para a produção de eletricidade é “a pior opção” do ponto de vista energético e ambiental, apelando à intervenção europeia para encarecer as emissões de dióxido de carbono.
Central térmica da EDP, central de produção de energia elétrica, em Abrantes a 27 de Junho de 1997. Manuel Moura / Lusa
Central térmica da EDP, central de produção de energia elétrica, em Abrantes a 27 de Junho de 1997. Manuel Moura / Lusa
Lisboa, 09 nov (Lusa) – A Quercus defendeu hoje que a utilização crescente do carvão para a produção de eletricidade é “a pior opção” do ponto de vista energético e ambiental, apelando à intervenção europeia para encarecer as emissões de dióxido de carbono.
“Do ponto de vista energético e ambiental, o carvão é um erro, é a pior opção”, afirmou à Lusa Francisco Ferreira, da associação ambientalista Quercus, reagindo à notícia de que um quarto do consumo de eletricidade em Portugal, nos primeiros dez meses do ano, foi abastecido pela produção a partir de carvão, sendo atualmente a principal fonte para produção de elétrica.
Francisco Ferreira explicou que a produção de eletricidade a partir de carvão tem “enormes perdas”, quando comparada com as centrais a gás, além de emitir três vezes mais dióxido de carbono.
“Numa central térmica a carvão, há enormes perdas, sendo aproveitado apenas cerca de 32% do poder calorífico, quando nas centrais de ciclo combinado a gás natural, o aproveitamento ronda os 56%”, avançou.
Da perspetiva ambiental, acrescentou, as centrais a carvão representam quase o triplo das emissões de dióxido de carbono, em relação às congéneres a gás.
O responsável da Quercus atribui esta crescente utilização do carvão como fonte para a produção de eletricidade ao preço: “O facto de os Estados Unidos estarem a introduzir no mercado o gás de xisto leva a que o carvão desça de preço para ser competitivo”.
“A isso acresce o facto de não haver limitações no que respeita ao dióxido de carbono. As empresas têm uma enorme folga e mesmo que excedam as emissões, o carbono está muito barato no mercado”, referiu.
Para o ambientalista, “o fator económico é absolutamente decisivo”, advogando que “tem que haver uma intervenção à escala europeia para tornar o dióxido de carbono suficientemente caro” para dissuadir a sua utilização.
“Quando se quer entrar numa lógica de mercado, na questão da energia, é preocupante, porque poderíamos ter menos emissões se estivéssemos a apostar no gás natural em vez do carvão”, declarou.
Como a Lusa avançou, de acordo com os dados disponibilizados na página da REN – Redes Energéticas Nacionais, até outubro, 25% do consumo de eletricidade foi assegurado pela produção a partir de carvão, 22% a gás natural, sendo a eólica a terceira principal fonte de energia para a produção de eletricidade, tendo assegurado 19% do consumo.
Apesar de uma ligeira melhoria, outubro foi um mês seco - com a quantidade de água nas barragens a representar 60% dos valores normais para esta época -, tendo a produção hídrica caído 56% nos primeiros dez meses do ano, garantindo apenas 9% do consumo.
Em compensação, a importação comercial de eletricidade aumentou 102,8% até outubro, representando cerca de 17% do consumo.
A tendência de redução do consumo de eletricidade apresentou um abrandamento no mês de outubro, com uma contração de apenas 2,5% em relação ao período homólogo, de acordo com a REN.
JNM // VC.
Msn

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