Considerado um falhanço científico durante muito tempo, este centro de investigação, construído nos Estados Unidos na década de 1980, atrai atualmente especialistas de vários campos, que ali estudam desde a extinção das espécies vegetais até aos efeitos das alterações climáticas. Em Julho de 1987, a simulação de uma enigmática estrutura cristalina cobria as capas das revistas de divulgação científica. Através de um corte numa das paredes, podia ver-se que estava ocupada por árvores, aves, um lago e vários técnicos trabalhando em diversos sistemas de manutenção. Tratava-se da Biosfera 2, um enorme simulador de ecossistemas onde um grupo de investigadores pretendia encerrar-se durante dois anos. Em teoria, aquele complexo autossuficiente com mais um hectare de área iria albergar centenas de espécies que viveriam em diversos biomas ou paisagens bioclimáticas artificiais: uma selva, um mar, uma savana, um pântano... A ideia era que os recursos, do ar à água, se renovassem automaticamente. Por exemplo, o dióxido de carbono expulso pelas pessoas e pelos animais seria aproveitado pelas plantas, enquanto os detritos fertilizariam os terrenos de cultivo e serviriam de nutriente às algas. Estas, por sua vez, constituiriam a base alimentícia de outras formas de vida. No final, tratava-se de estudar até que ponto seria possível construir um habitat autónomo onde pudessem estabelecer-se os futuros colonos que viajassem para a Lua ou para Marte. Investigação em grande. No entanto, uma série de incidentes deitou por terra aquela aventura de 200 milhões de dólares. Durante a primeira missão, que teve lugar entre 1991 e 1993, baratas e formigas penetraram no sistema, aparentemente estanque (dizia-se que apenas perdia dez por cento do ar por ano, enquanto nos vaivéns espaciais essa perda era de 2% por dia). Os níveis de CO2 aumentaram perigosamente, o que causou a morte dos insetos polinizadores e de muitos vertebrados e tornou necessário injetar oxigénio para garantir a sobrevivência do projeto. As dissensões que surgiram durante a segunda missão, realizada em 1994, deram o golpe de misericórdia na Biosfera 2. Durante 13 anos, a estação foi abandonada, reocupada pela Universidade de Columbia, objeto de especuladores e ícone da cultura New Age. Até que, em 2007, a Universidade do Arizona adquiriu-a e converteu-a num grande laboratório de ciências da Terra (http://www.b2science.org). Ali, é hoje possível estudar como em nenhum outro lugar do mundo o impacto das alterações climáticas sobre as espécies vegetais e a resposta dos ecossistemas a concentrações elevadas de gases de efeito de estufa. Além disso, segundo os responsáveis pela nova Biosfera 2, a instalação funciona como um modelo de cidade no qual também é possível ensaiar estratégias para reduzir as emissões poluentes ou a implantação de novos sistemas de distribuição elétrica. A.A. SUPER 167 - Março 2012 |
Nova vida para um velho fiasco
sexta-feira, 5 de abril de 2013
O regresso da Biosfera 2
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