Os tubarões pertencem
ao grupo de peixes elasmobrânquios: o seu esqueleto é formado por cartilagem,
em vez de osso. Os primeiros tubarões terão surgido há mais de 400 milhões de
anos, mas os exemplares modernos remontam há apenas 100 milhões de anos. O
esqueleto de cartilagem não é, contudo, um traço primitivo, já que os tubarões
evoluíram a partir de peixes que tinham ossos.
É possível que o esqueleto cartilagíneo, mais leve e flexível, tenha evoluído
para tornar os tubarões mais rápidos e ágeis; mas pode também ter sido uma
forma de preservar a quantidade de fósforo necessária ao seu metabolismo. Estes
elasmobrânquios precisam de fósforo para os dentes, e dado que estão
continuamente a perdê-los e substitui-los, podem gastar mais de 30.000 ao longo
da vida. A disponibilidade de fósforo mineral é, aliás, uma das condicionantes
principais da dispersão das diferentes espécies de tubarões a nível mundial. No
século XIX, os tubarões eram considerados amistosos. Os relatos de ataques a
marinheiros naufragados, existentes desde 1580, eram considerados exageros ou
equívocos. Em 1891, o milionário Hermann Oelrichs ofereceu uma recompensa de $ 500
(aprox. € 400) a quem apresenta-se um caso- autenticado – de ataque a um humano,
ao largo da costa este americana. O prémio nunca foi reclamado. Em 1916, uma
vaga de ataques amplamente divulgados marcou o início de um revés na imagem do
tubarão. Quase um século de má reputação depois, só agora os tubarões começam a
ser entendidos.
Os tubarões podem
medir desde 30cm até 12 metros de comprimento e pesar até 20 toneladas. O seu
esqueleto não possui costelas: sem a água para o suportar, os órgãos internos
seriam esmagados pelo peso do próprio corpo. Também não têm bexiga-natatória,
pelo que a sua flutuabilidade é gerada usando óleo escaleno armazenado no
fígado. Como não são capazes de alterar rapidamente a quantidade deste óleo no
corpo, não conseguem flutuar em repouso. Em vez disso, ajustam a sua
flutuabilidade de modo a ficarem ligeiramente mais densos que a água que os
rodeia. Muitas espécies tiram proveito disto para viver nas profundezas e as
espécies pelágicas (que não dependem do fundo marinho) compensam a falta de
flutuabilidade com um impulso dinâmico, gerado pelo fluxo de água que passa por
cima das suas barbatanas enquanto nadam. A maioria dos tubarões habita águas
com menos de 2 mil metros de profundidade. Apesar de não terem ossos, as zonas
do corpo sujeitas a maior pressão mecânica são reforçadas com uma grelha
hexagonal de cristais de cálcio. Os tubarões grandes, como o tubarão branco,
podem ter várias camadas deste reforço. A pele do tubarão é muito mais dura que
a dos outros peixes. As camadas de base são uma malha helicoidal de fibras de
colagénio coberta por uma camada de escamas minúsculas, os dentículos dérmicos:
cada denticulo é feito de dentina, um tecido impregnado de cálcio. A dentina é
uma componente importante dos dentes e é provável que os dentes dos vertebrados
tenham evoluído a partir destes dentículos. Para além de oferecerem protecção,
os dentículos têm uma função semelhante á das covinhas numa bola de golfe: reduzem
o atrito e permitem uma natação mais eficiente. A visão dos tubarões é mediana,
mas a sua audição e olfacto são extremamente aguçados. Tal como os peixes
ósseos, também têm uma faixa de células sensíveis a vibrações ao longo do
corpo, chamada linha lateral, usada para detectar o movimento das presas – como
um peixe ferido.
Para encontrar presas
escondidas no substrato, os elasmobrânquios possuem as “Ampolas de Lorenzini”.
Estes órgãos especiais localizados na cabeça permitem a detecção do campo
eléctrico gerado pelo movimento gerado pelo movimento muscular, como o coração
de uma presa em apuros a bater. E além de localizar as presas durante a noite,
o tubarão consegue usar o campo eléctrico gerado pelas correntes oceânicas em
movimento no campo magnético da Terra como uma verdadeira bússola interna.
Fonte: quero saber - Outubro 2010
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