Imagens enigmáticas e inquietantes
O fotógrafo nova-iorquino J. Henry Fair ergueu-se nos ares para mostrar as cicatrizes, por vezes indeléveis, da actividade industrial.
Este estranho delta foi formado pelos despejos de uma refinaria de alumínio em Hannibal (Ohio). Para produzir aquele metal é preciso tratar a bauxite com produtos químicos altamente cáusticos.
Fair sobrevoou sete vezes o Golfo do México, em 2010, para fotografar o derrame de petróleo da plataforma da BP. Numa delas capturou esta espectacular imagem do penacho oleaginoso (alaranjado devido ao reflexo do sol) flutuando sobre o mar.
Durante a refinação do petróleo a cinza (que contém níquel e vanádio) deixa um escuro resíduo sólido, o coque. É com ele que se fazem, por combustão, o asfalto e outros produtos industriais. O arco-íris da foto deve-se á refracção luminosa no liquido que sai dos tubos.
Em 1998, um derrame de produtos tóxicos numa mina de Aznalcóllar (Sevilha) contaminou o rio Guadiamar e os aquíferos de Doñana com fosfatos, urânio e outros metais pesados. Os resíduos perduravam em 2008, quando Fair obteve esta foto.
Todas as etapas do fabrico de fertilizantes são tóxicas. Durante o processamento do fosfato com ácido sulfúrico, libertam-se quantidades letais de fluorina, e os resíduos radioactivos podem afectar os sistemas cardiovascular, imunitário, respiratório, epidérmico e reprodutor.
Nos arredores de Huelva (Espanha) e nos seus rios Tinto e Odiel acumula-se a maior lixeira radioactiva da Europa. Os tóxicos fosforosos da indústria química brilham como um quadro abstracto quando são fotografados do ar, mas constituem uma ameaça para as populações.
Processar o carvão implica lavá-lo com água e misturá-lo com substâncias químicas. O liquido viscoso resultante é acumulado em represas, que por vezes libertam o seu venenoso conteúdo para o vale contíguo, devastando tudo á sua passagem.
A maioria das fotos foi tirada a 300 metros de altitude.
Fair mostra os efeitos sem nomear empresas.
Fonte: Super interessante – Setembro 2011
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