terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

SMOS: de missão marítima a caçador de furacões

Satélite ajuda a melhorar previsões
2012-02-14
Furacão Igor provocou mistura de água doce com águas salgadas.
O satélite da Humidade dos Solos e Salinidade dos Oceanos (SMOS), da classe ‘Earth Explorers’ da Agência Espacial Europeia (ESA), demonstrou que também pode obter informações únicas para melhorar as previsões dos furacões.com um novo radiómetro de micro-ondas é capaz de capturar imagens de "temperatura de brilho”, que correspondem a radiação emitida a partir da superfície da Terra e podem ser usadas para determinar a quantidade de água retida nos solos e a quantidade de sal que existe nas águas superficiais dos oceanos.

As informações vêm contribuir para compreender melhor o ciclo da água e as interacções entre a superfície da Terra e a atmosfera. O sensor SMOS trabalha na “banda-L”, em frequências à volta de 1,4 GHz, o que também permite determinar velocidades de ventos superficiais sobre os oceanos, mesmo em condições de nebulosidade e chuva.
Quando os ventos atingem “velocidades de tipo vendaval”, sobre os oceanos, a rebentação e as cristas das ondas afectam a radiação de micro-ondas emitida pela superfície. Isto significa que quando uma tempestade se forma, as alterações na radiação emitida podem ser directamente relacionadas com a força do vento sobre o mar e é muito menos perturbada pela chuva e efeitos atmosféricos do que por frequências de micro-ondas mais elevadas.

Como as nuvens e a chuva são típicas de ciclones tropicais, as medições feitas pelo SMOS complementam de forma única as observações feitas em condições extremas, quando os dados obtidos a partir de outros satélites se tornam menos precisos. Isto significa que o satélite SMOS tem potencial para aumentar o rigor na previsão da força dos ciclones tropicais.

Esta capacidade recém-descoberta do satélite foi demonstrada pela análise de dados do SMOS relativos ao furacão Igor, que alcançou a categoria 5 no Atlântico Norte, em 2010. A sua grande área espacial e as revisitas frequentes permitiram que o satélite interceptasse o furacão nove vezes entre 11 e 19 de Setembro.

As velocidades de vento superficial foram estimadas a partir de imagens SMOS da temperatura de brilho, utilizando uma técnica desenvolvida por cientistas do Instituto Francês para Pesquisa e Exploração do Oceano, Ifremer, e da Collecte Localisation Satellites, CLS, através do programa da ESA Earth Observation Support to Science Element. As estimativas da velocidade de vento superficial estão de acordo com modelos de previsão de furacões e com os dados obtidos por aviões NOAA sobre o furacão.
SMOS também determina velocidade dos ventos.
Igor muda a salinidade

Esta informação pode ser particularmente útil nos estágios iniciais de furacões em desenvolvimento a leste da bacia tropical do Atlântico e sobre ciclones no meio do Pacífico, já que estas áreas estão longe de terra e são, por isso, difíceis de chegar por avião.

O SMOS obteve ainda outro resultado importante: mostrou que a salinidade das águas superficiais se altera durante a formação de um furacão. Esta é a primeira vez que tais mudanças foram detectadas a partir do espaço.

O Igor provocou a mistura da pluma de água doce da Amazónia com águas salgadas mais profundas, aumentando a salinidade à superfície. A combinação de dados de salinidade a partir do SMOS com informações sobre temperaturas e alturas superficiais marítimas vai melhorar a monitorização de água doce e de água quente relativamente à intensidade dos furacões.

Apesar de os Earth Explorers da ESA serem desenvolvidos para lidar com questões científicas específicas, continuam a demonstrar a sua versatilidade e o papel complementar que desempenham não só no avanço da nossa compreensão da Terra, mas também no seu potencial para aplicações quotidianas.
 Fonte: Ciência hoje

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