Ambiente: Investigação antevê efeitos do aquecimento global nos ecossistemas aquáticos
Ambiente: Investigação antevê efeitos do aquecimento global nos ecossistemas aquáticos
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Coimbra, 06 dez (Lusa) - O aumento da temperatura do planeta irá provocar efeitos na biodiversidade dos sistemas aquáticos conclui, ainda de forma preliminar, uma investigação liderada pela Universidade de Coimbra (UC), que decorre numa ribeira da Serra da Lousã.
Há dois anos e meio que 10 investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC e do Departamento de Biologia da Universidade do Minho estudam os impactos do aquecimento global na biodiversidade e funcionamento dos ecossistemas ribeirinhos, na Ribeira do Candal.
A equipa envolve ainda uma dezena de colaboradores de seis países estrangeiros.
"O que nós testamos, basicamente, é se há alterações na biodiversidade para saber como funciona o sistema", explicou à agência Lusa a professora Cristina Canhoto, coordenadora do projeto, que termina em fevereiro.
A investigadora acrescentou que são realizados testes a vários níveis para tentar "avaliar o funcionamento da estrutura das comunidades, através da degradação das folhas, e fazer um inventário das espécies e das alterações que podemos detetar".
Segundo a investigadora da UC, só para o final do ano é que haverá dados concretos mas, para já, é possível concluir que vários grupos reagem ao aumento da temperatura da água.
"Alguns grupos, por exemplo, aceleram a sua atividade, comem mais folhas, que são muito importantes neste sistema. Há organismos que ao comer mais crescem mais depressa e completam o seu ciclo de vida mais rápido, e os microrganismos também degradam a matéria orgânica mais depressa", sublinhou.
No entanto, refere Cristina Canhoto, "se isto fosse generalizado, as folhas acabavam depressa e os animais não teriam o que comer o resto do ano, mas, na verdade, isso parece não estar a acontecer, porque pelos testes que temos realizado há um certo equilíbrio do sistema".
Através de vários testes na Ribeira do Candal, que foi dividida através de uma barreira natural, em que de um lado a água corre à temperatura ambiente e do outro aquecida, os investigadores pretendem saber se haverá extinção de espécies ou surgimento de novas e em que medida essa realidade afetará os ecossistemas.
De acordo com a UC, o estudo será muito útil para o desenvolvimento de estratégias para uma correta gestão e preservação dos cursos de água.
"Ao conhecer os tipos de alterações, com muitos anos de antecedência, é possível prevenir cenários mais dramáticos, porque se a estrutura ribeirinha for danificada os impactos ambientais, sociais e económicos serão elevados", frisa uma nota da instituição.
AMV.
Lusa/Fim