sábado, 12 de maio de 2012

Há pelo menos um insecto que ganha com a “ilha de plástico” no Pacífico


10.05.2012
Helena Geraldes
A “ilha de plástico” que se está a formar no oceano Pacífico aumentou 100 vezes nos últimos 40 anos e já está a alterar os habitats marinhos. Há, pelo menos, um insecto que beneficia da situação, tendo assim mais sítios para pôr os ovos, segundo um estudo científico na revista Biology Letters.
O navio New Horizon, do Instituto de Oceanografia Scripps, da Universidade de Califórnia em San Diego, viajou em 2009 até uma região do oceano Pacífico onde, por causa das correntes oceânicas num movimento circular, se têm acumulado toneladas de plásticos e detritos.

Segundo a Agência norte-americana para os Oceanos e Atmosfera (NOAA) "é muito difícil estimar a verdadeira dimensão" da concentração de lixo marinho no Norte do oceano Pacífico. Ainda assim, será algo entre os 11 e os 14 milhões de quilómetros quadrados (por exemplo, os Estados Unidos têm mais de 9,6 milhões de quilómetros quadrados).

A equipa, liderada por Miriam Goldstein, concluiu que esta “ilha de plástico” aumentou 100 vezes nos últimos 40 anos e que já está a começar a alterar o habitat natural de vários animais.

Para o pequeno insecto Halobates sericeus estas são boas notícias. O animal – que se alimenta de zooplâncton e que, por sua vez, serve de alimento a aves marinhas, tartarugas e peixes – vive à superfície da água e põe os ovos em materiais flutuantes, como bocados de madeira ou conchas. Mas nem sempre estes são fáceis de encontrar no meio do oceano. Os investigadores descobriram agora que os “microplásticos” oferecem um novo habitat com substrato sólido para os insectos, que aumentaram o número de ovos depositados.

Na verdade, o objectivo deste estudo científico foi “investigar o impacto dos ‘microplásticos’ enquanto novo habitat” no oceano Pacífico, escrevem os autores. Ainda assim, já eram conhecidos alguns efeitos no Ambiente, como a ingestão por peixes e invertebrados, o transporte de poluentes orgânicos e a introdução de espécies exóticas. “De acordo com aquilo que sabemos, até agora não existiam estudos sobre os efeitos dos detritos marinhos de plástico nas comunidades de invertebrados pelágicos”, acrescentam.

Depois de analisar dados referentes aos períodos 1972-1987 e 1999-2010, os investigadores descobriram uma associação entre “o aumento dramático da abundância do ‘microplástico’ nos últimos 40 anos e a deposição de ovos pelo Halobates sericeus”.

Notícia alterada às 8h de 11 de Maio: altera a dimensão dos Estados Unidos.
Fonte: Publico.pt

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