quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Câmara de Torres Vedras chumba projecto de aterro para resíduos industriais não-perigosos


13.09.2011
O presidente da Câmara de Torres Vedras anunciou ontem que vai propor a suspensão do processo de alteração do Plano Director Municipal para inviabilizar a instalação de um aterro de resíduos industriais na freguesia de A-dos-Cunhados.
Depois de ter recebido o estudo de avaliação de impacte ambiental que a autarquia encomendou à Universidade Nova de Lisboa, Carlos Miguel revelou à agência Lusa que "a câmara não vai aceitar o empreendimento para o concelho".

O autarca leva hoje uma proposta à votação do executivo municipal no sentido de "não prosseguir" com o procedimento de reclassificação do solo, iniciado em Abril, para os 17 hectares de terra previstos para instalação do aterro.

O estudo ambiental concluiu que "poderão ser geradas emissões que poderão causar incómodo às populações", diz Carlos Miguel. Por outro lado, "é previsível a produção de odores, em especial na descarga e armazenamento de resíduos, que poderão trazer incómodo - o que não deverá deixar de ser considerado um problema de saúde". Coordenado por Maria da Graça Martinho e com a participação de vários especialistas, entre os quais o ambientalista Francisco Ferreira, o documento descarta, no entanto, a hipótese de produção de emissões atmosféricas perigosas. Para o presidente da câmara, os prejuízos da instalação da infra-estrutura - um investimento de 10 milhões de euros da empresa espanhola Befesa que iria criar 30 postos de trabalho - iriam ser superiores aos benefícios.

Um grupo de cidadãos entregou também ontem uma petição com sete mil assinaturas contra o aterro. Os subscritores alertam para a existência de habitações a 500 metros do local para onde estava prevista a infra-estrutura. Por outro lado, o aterro iria ficar "sobre a falha sísmica Torres Vedras - Montejunto" e "sobre o sistema aquífero de Torres Vedras", o que colocaria "em risco os solos e as águas".

Os adversários do projecto apontam ainda para problemas decorrentes da passagem de mais de meio milhar de camiões por mês. Tendo em conta que os ventos dominantes apontam para a cidade de Torres Vedras, a dois quilómetros, o movimento defende que seria expectável um "acréscimo de poeiras" na cidade, trazendo por isso riscos para a saúde pública, com o aumento de problemas respiratórios e doenças cardiovasculares. O projecto previa a instalação de um aterro de resíduos não-perigosos, um aterro de resíduos inertes, uma unidade de classificação e outra de tratamento de resíduos não-perigosos.

Fonte: Público

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