sexta-feira, 30 de março de 2012

Pesticidas implicados no Síndrome do Colapso das Colmeias

Estudos da «Science» dão mais um passo para resolver o mistério da morte das abelhas
2012-03-30

Espécie estudada foi a 'Bombus terrestris' (foto: Alves Gaspar)
Espécie estudada foi a 'Bombus terrestris' (foto: Alves Gaspar)
Os cientistas continuam na demanda da causa do progressivo desaparecimento das abelhas. O chamado Síndrome do Colapso das Colmeias (colony colapse disorder - CCD), problema que já deu azo a muitas investigações, algumas referidas no «Ciência Hoje» (aquiaqui aqui), tem agora novos estudos.
Dois estudos, um britânico e outro francês, publicadas na «Science»,apontam responsabilidades a uma classe de pesticidas amplamente utilizados: os neonicotinoides. Segundo os investigadores, estes desorientam os insectos ao ponto de ficarem incapazes de regressar à colmeia, reduz assim o tamanho das colónias e faz desaparecer as rainhas. A suspeita de que os insecticidas neonicotinoides estivessem implicados no CCD remonta a 2004.

Algumas espécies de abelhas diminuíram drasticamente nos últimos anos. Na América do Norte, várias espécies comuns foram desaparecendo. No Reino Unido, três acabaram mesmo por se extinguir, explica Dave Goulson, da Universidade de Stirling, Escócia.
A espécie investigada foi a Bombus terrestris. A equipa de cientistas de Stirling expôs, em laboratório, colmeias desta espécie a níveis baixos do insecticida neonicotinoide imidaclopride, introduzido na produção agrícola durante os anos 90 e, actualmente, um dos mais utilizados.
A dose aplicada foi a mesma que as abelhas recebem na natureza. Depois, os investigadores colocaram as colmeias num lugar fechado mas com acesso livre a comida. Compararam depois estas às colmeias do controlo do estudo, onde não foi aplicado nenhum insecticida.
As colmeias tratadas ganharam menos peso, o que quer dizer que lá entrou menos comida. Estas, ficaram entre 8 e 12 por cento mais leves do que as outras. A percentagem de produção de rainhas reduziu-se em 85 por cento. Esta última descoberta é particularmente importante porque significa que haverá menos ninhos no ano seguinte.
O segundo estudo, do Instituto Nacional Francês para a Investigação Agrícola (INRA), revelou que a exposição a um outro pesticida neonicotinoide afecta a capacidade de orientação das abelhas, provocando a morte de muitas.
Os cientistas puseram no tórax das abelhas um microchip que permitiu seguir os seus movimentos. Deram a algumas abelhas uma dose de pesticida tiametoxam.
Comparadas com as que não foram expostas, as abelhas que receberam tratamento tinham entre duas e três vezes mais probabilidades de morrer fora da colmeia. Provavelmente, dizem os investigadores, estas mortes aconteceram porque o pesticida interferiu com o seu sistema.

Artigos:
A Common Pesticide Decreases Foraging Success and Survival in Honey BeesNeonicotinoid Pesticide Reduces Bumble Bee Colony Growth and Queen Production
Fonte: Ciência hoje

sábado, 24 de março de 2012

Novo atlas da flora portuguesa online


Terça-feira, 20 de Março de 2012
Novo atlas da flora portuguesa online
Flora-On é um portal que agrega informação "fotográfica, geográfica, morfológica ou ecológica" sobre as plantas autóctones ou naturalizadas em solo português. O projeto, lançado pela Sociedade Portuguesa de Botânica, conta com o trabalho voluntário de vários cientistas e apela à participação do público.
O portal está organizado por ordens, famílias e géneros, e é rico em imagens associadas, facilitando a procura e identificação de plantas vasculares (plantas com vasos de transporte de água e seiva) presentes no território nacional.
A partir do momento em que escolhe determinada espécie, o utilizador pode ter acesso à descrição das suas características essenciais, a uma análise comparativa com outras plantas, e à localização no mapa de Portugal do exemplar em questão. O site não contempla, no entanto, plantas introduzidas no país para cultivo ou ornamentação.
As pesquisas podem ainda ser feitas a partir de uma ferramenta de identificação interativa, através das características diferenciadas de qualquer planta.
O projeto, lançado há cerca de um mês, está a ser desenvolvido "com base no trabalho voluntário de vários botânicos e investigadores" e, de acordo com a Sociedade Portuguesa de Botânica, está destinado ao "público especializado e não especializado", facultando-lhe acesso gratuito à informação científica sobre as plantas do solo continental, açoriano e madeirense (embora nos dois últimos casos, as secções ainda estejam em atualização).

Para aceder ao portal Flora-On clique AQUI.

[Notícia sugerida por Maria Sousa]
Fonte: Boas noticias

Central solar única produz energia durante a noite

Quinta-feira, 22 de Março de 2012
Central solar única produz energia durante a noite
Foto © AFP - Clique no link abaixo para ver um vídeo sobre o funcionamento da central
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Em Espanha há uma central solar única no mundo que não se limita a produzir eletricidade enquanto o sol brilha, sendo capaz de o fazer com a mesma eficácia em dias chuvosos e até durante a noite.
A Gemasolar entrou em funcionamento em Maio do ano passado e não passa despercebida na península da Andaluzia com a sua torre iluminada e os seus 2.650 painéis solares de 120 metros quadrados cada, dispostos por um círculo de 195 hectares.  Porém, o que a faz sobressair entre todas as outras é muito mais do que isso.
"Esta é a primeira central solar mundial que trabalha 24 horas por dia. Funciona tanto de dia como de noite", explicou Santiago Arias, diretor técnico da Torresol Energy, responsável pelas instalações, à AFP.
Como? Graças a um mecanismo "muito fácil de ser explicado". Os painéis, ao refletir a luz do sol sobre a torre, transmitem-lhe "uma concentração de energia equivalente a mil vezes a que recebemos na terra".
Depois, a energia é armazenada num enorme depósito de sais dissolvidos a uma temperatura superior a 500 graus. Por ação dos sais produz-se vapor, que aciona uma turbina e, assim, gera-se eletricidade, como acontece numa central solar convencional.
A grande particularidade da Gemasolar é, portanto, a sua capacidade de armazenamento, que permite que "à noite continuemos a produzir eletricidade com a energia acumulada durante o dia", esclarece Santiago Arias, salientando que, desta forma, é possível utilizá-la como desejarmos e não como o Sol ordena.

Central produz 60% mais energia do que as tradicionais
Até ao momento, o balanço da atividade é muito positivo. Quando comparada com uma central sem sistema de armazenamento, a Gemasolar produz "60% mais energia" e pode funcionar 6.400 horas anuais, contra as 1.000 a 2.000 horas de atividade de um equipamento convencional.
"A quantidade de energia que produzimos por ano é equivalente ao consumo médio de 30.000 lares espanhóis, portanto, de cerca de 90.000 pessoas", afirma o diretor técnico, que adianta que esta tecnologia única proporciona uma economia anual de 30.000 toneladas de CO2.
A central exige, no entanto, "enormes investimentos", sendo que, embora a matéria-prima seja gratuita, a fatura ultrapassa os 200 milhões de euros. Ainda assim, Santiago Arias disse acreditar que o empreendimento vale a pena. Dentro de cerca de 18 anos, "vai transformar-se numa máquina de fabricar notas de 1.000 euros", brincou.
A Gemasolar conta com alguns apoios públicos mas a contribuição de investidores privados estrangeiros é determinante para o seu funcionamento, em particular do grupo espanhol de engenharia Sener e da Masdar, uma empresa de energias renováveis fincnaida pelo governo de Abu Dhabi.
Todavia, e apesar dos bons números registados durante os primeiros tempos de operação, Santiago Arias confessou que ainda não foi possível vender para outros países esta tecnologia que, mesmo num contexto de crise, está a despertar grande interesse fora de Espanha.

[Notícia sugerida por Vítor Fernandes]
Fonte: Boas noticias

quinta-feira, 22 de março de 2012

Já é possível ‘visitar’ o Amazonas


2012-03-22

Projecto do Google disponibiliza uma forma de conhecer local na Internet

Uma das propostas inclui uma viagem de barco pelo Rio Negro
 Gostava de conhecer o Amazonas? Agora isso é possível. O Google lançou ontem, no Dia Mundial da Floresta, um projecto que permite visitar virtualmente zonas protegidas com acesso restrito, como a Reserva do Rio Negro.

Através do «Street View» nos «Mapas» do Google é possível ter acesso a este local especial do planeta que, de outra forma, não seria possível visitar.
Algumas das propostas incluem uma viagem de barco pelo Rio Negro e pelos afluentes mais pequenos onde a floresta é inundada, um passeio pelos caminhos de Tumbira, a maior comunidade da Reserva brasileira, ou uma visita a outras comunidades, com possibilidade de observar animais.

O projecto foi realizado em parceria com a Fundação Amazonas Sustentável (FAS), uma organização de conservação local sem fins lucrativos, que convidou o Google para a área. No total, foram tiradas mais de cinquenta mil fotografias de rios, florestas e comunidades para criar mais de 200 imagens panorâmicas com 360 graus.

Muitas áreas do Amazonas, incluindo a Reserva do Rio Negro, estão sob a protecção do governo brasileiro com acesso restricto ao público. Desta forma, o objectivo da Google e da FAS é ajudar a disponibilizar uma forma de investigadores, cientistas e curiosos poderem conhecer melhor este local e a forma como as comunidades trabalham para preservar este ecossistema.
Fonte: Cência hoje

quarta-feira, 21 de março de 2012

Após 31 mil anos, cientistas fazem semente brotar novamente


 

Cientistas russos visitaram a Sibéria, e lá encontraram o fruto de uma planta antiga que, segundo as estimativas, estava congelada abaixo da terra há mais de 30 mil anos.
Os pesquisadores recolheram sementes desse fruto, plantaram-nas novamente, num ato que incrivelmente funcionou: as sementes brotaram e deram origem a uma nova planta.
Fazer nascer uma planta dessa maneira seria um “equivalente vegetal” a originar um dinossauro a partir do tecido de um antigo ovo. No caso, esta antiga semente, que mais precisamente teria congelado há 31.800 anos, resultou agora em uma planta de flores delicadas com pétalas brancas, batendo o recorde de planta florida mais velha já revivida pelo homem depois de um congelamento.
A história deste vegetal é complexa. Na época em que a área ainda era dominada por mamutes e peludos rinocerontes primitivos, esquilos do ártico enterravam sementes e frutos em uma câmara subterrânea, com 38 metros de profundidade, próxima a um rio no nordeste da Sibéria.
Mais tarde, o solo daquela região ficou permanentemente congelado. Em um passado recente, cientistas russos escavaram a câmara e localizaram as plantas. Em laboratório, eles nutriram os tecidos de três dos antigos frutos, até que surgiram novos brotos. Os brotos, por sua vez, foram plantados em um vaso comum e se desenvolveram.
Uma análise do novo vegetal revelou que ele se assemelha à espécie Silene stenophylla, planta “contemporânea” recorrente na Rússia e no norte do Japão, mas com diferenças no formato das folhas e das flores.
Tal procedimento é importante, como explicam os botânicos, não tanto porque cria a chance de resgatar mais plantas do passado, mas porque pode ajudar a preservar plantas de hoje para o futuro. Congelar seus frutos e sementes seria uma forma de evitar sua extinção daqui a milhares de anos. Ninguém sabe o tempo máximo que as sementes durariam nestas condições, mas a descoberta mostrou que isso vai além de trinta mil anos, no mínimo. [ScienceNewsforKids
Fonte: Hypescienc
e

Criada a maior área de conservação internacional, para proteger a vida selvagem de África

 

Na última quinta-feira (15), foi criada oficialmente a maior área internacional de conservação da vida selvagem na África, que abrange as fronteiras de Botsuana, Angola, Namíbia, Zâmbia e Zimbábue.
A nova Área de Conservação Transfronteiriça Kavango Zambezi (KAZA, na sigla em inglês) abrange 109 milhões de hectares. O local protegido possui 36 reservas naturais em torno dele.
Há anos a KAZA está sendo idealizada. Em agosto de 2011, os governos dos cinco países envolvidos assinaram um “memorando de entendimento” e se comprometeram a desenvolver a área. A cerimônia de assinatura do tratado foi no dia 15 de março de 2012, tornando a KAZA oficial.
Segundo a organização de conservação WWF (World Wildlife Fund), a KAZA é o lar de 44% dos elefantes da África. 600 espécies de plantas e 3.000 espécies de aves também vivem na zona preservada, que contém a famosa Victoria Falls, uma das maiores quedas d’água da Terra.
A área também inclui o Delta do Okavango, em Botsuana, um pântano que fornece refúgio e água para crocodilos, leões, leopardos, hienas, rinocerontes, macacos e outros animais, incluindo o cão selvagem africano, atualmente em perigo de extinção.
Muitos desses animais são vulneráveis à invasão humana, especialmente a caça furtiva. Em 2010, por exemplo, 333 rinocerontes foram mortos na África do Sul, em grande parte para atender à demanda de seus chifres, que são usados na medicina tradicional asiática.
Ou seja, a conservação da KAZA enfrenta muitos desafios, como a população humana crescente. A WWF calcula que 1,5 milhões de pessoas dependem dos recursos encontrados na área vasta, o que torna a sua gestão mais difícil.
Porém, ambientalistas esperam que os sistemas de conservação ligados reabram as rotas de migração de animais e promovam a cooperação transfronteiriça para proteger a vida selvagem.[LiveScience]
Fonte: Hypescience

segunda-feira, 12 de março de 2012

Novo lagarto multicolorido surpreende cientistas

 Por  em 26.02.2012 as 10:30
Pesquisadores descobriram uma nova espécie de lagarto que chama a atenção pelas cores vivas e pelo local incomum em que vive. Os répteis foram encontrados na Cordilheira dos Andes, no sul do Peru, em altitudes variando entre 1.600 e 2.100 metros. O local é estranho para encontrar lagartos, de acordo com os cientistas, por causa das condições frias.
O réptil semi-aquático, chamado de Potamites montanicola, tem aproximadamente 6,4 centímetros de comprimento. Cientistas estão intrigados sobre como o animal consegue sobreviver em condições alpinas, já que os lagartos não tem sangue quente.
Potamites montanicola, ou habitante da montanha, como também é conhecido, aparenta ter hábitos noturnos e evita a luz do sol. Durante a noite, eles enfrentam temperaturas severas e foram encontrados nadando em riachos. Ainda não é claro como os lagartos conseguem reunir energia para correr ou mergulhar nessas condições. [LiveScience]
Ppr: Hypescience

Acidificação dos oceanos atual é a mais rápida em 300 milhões de anos


Em uma revisão de centenas de estudos paleoceanográficos, pesquisadores encontraram evidência de apenas um período nos últimos 300 milhões de anos em que os oceanos mudaram tão rapidamente quanto hoje. Esse período foi o Máximo Térmico do Paleoceno-Eoceno (PETM), há 56 milhões de anos.
Nos últimos cem anos, o aumento da liberação de CO2 de atividades humanas diminuiu o pH do oceano em 0,1 unidade, uma taxa de acidificação dez vezes mais rápida do que 56 milhões de anos atrás. A previsão é que até o ano de 2100, o pH diminua outras 0,2 unidades, aumentando a possibilidade de que o oceano fique parecido com o observado no PETM.
“O que estamos fazendo hoje se destaca nos registros geológicos”, diz Bärbel Hönisch, paleoceanógrafo da Universidade de Columbia. “Nós sabemos que a vida não foi dizimada nas últimas acidificações dos oceanos. Novas espécies se desenvolveram para substituir aquelas que foram perdidas. Mas se as emissões industriais de carbono continuarem no ritmo em que estão, isso pode significar que vamos perder organismos importantes, como corais, ostras e salmões”.
A palavra “pode” é uma daquelas que cientistas usam com muita frequência para sugerir dúvida. Mas uma certeza que se perde nas discussões sobre a mudança climática é que a poluição é simplesmente ruim.
Os oceanos agem como se fossem uma esponja, que absorve o excesso de dióxido de carbono do ar. O gás reage com a água e forma ácido carbônico, que com o tempo é neutralizado pelo carbonato dos fósseis, das conchas do fundo do mar. Se muito dióxido de carbono entra no oceano de uma vez, o nível de íons de carbonato diminui, o que gera problemas para os corais, moluscos e alguns plânctons, que precisam do íon para construir suas conchas.
Eventos mais catastróficos já aconteceram na Terra, mas talvez com menos velocidade. Outros dois momentos análogos à acidificação moderna foram causados por atividades vulcânicas massivas: uma no final da era Permiano, cerca de 252 milhões de anos atrás, e outra na era Triassica, há cerca de 201 milhões de anos. Mas os autores do estudo advertem que existem poucos registros sobre os acontecimentos com mais de 180 milhões de anos, uma vez que os sedimentos oceânicos acabaram se desfazendo.
No final da era Permiano, cerca de 96% da vida desapareceu. Erupções massivas na atual Rússia podem ter causado uma das maiores extinções da Terra. Em 20 mil anos ou mais, o carbono na atmosfera aumentou drasticamente. No final da era Triássica, uma segunda onda de atividade vulcânica, associada com a separação do super continente Pangea, duplicou a emissão de CO2 na atmosfera, e causou outra extinção. Recifes de corais se desmancharam e outras classes de criaturas marítimas desapareceram.
O estudo da PETM
Cerca de 56 milhões de anos atrás, uma misteriosa emissão de CO2 na atmosfera tornou os oceanos corrosivos. Em 5 mil anos, o CO2 da atmosfera dobrou para 1.800 partes por milhão, e elevou as temperaturas médias da Terra em cerca de 6 graus Celsius.
O sedimento característico do período PETM é uma camada de lama marrom, com grossos depósitos brancos de fósseis de plânctons. Isso se explica pelo dissolução das conchas de plâncton que ocupavam o fundo o mar, deixando a argila marrom que cientistas encontram hoje.
Segundo uma pesquisadora, Ellen Thomas, cerca de metade de todas as espécies de foraminíferos, grupo de organismos monocelulares, se extinguiu, sugerindo que outros organismos mais acima na cadeia alimentar também podem ter desaparecido. “É muito raro quando mais de 5 a 10% de espécies se perdem”, compara.
A vida marinha e a acidez da água
Tentativas de reconstruir as mudanças do pH oceânico não puderam ser feitas em laboratório. Em experimentos, cientistas tentaram simular a acidificação moderna do oceano, mas o número de variáveis – quantidade de CO2, temperatura da água, nível de pH e níveis de oxigênio dissolvido – tornam as previsões difíceis.
Uma investigação alternativa pode ser feita em regiões vulcânicas, onde a acidificação chega aos níveis esperados para o ano de 2100. Em estudos recentes em recifes de corais na Papua Nova Guinea, cientistas constataram que exposição a longo prazo a altos níveis de CO2 e pH 7,8 impedem a regeneração das espécies. [Science20Foto]
por: Hypescience

sábado, 10 de março de 2012

Governo defende "aplicação efectiva" da investigação sobre incêndios

Miguel Macedo visitou LEIF
2012-03-06

Túnel do laboratório de estudos florestais.
O ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, visitou hoje, na Lousã, o Laboratório de Estudos sobre Incêndios Florestais (LEIF) da Universidade de Coimbra, que integra“equipamentos únicos” para compreender o comportamento do fogo e defendeu incentivos à"aplicação efectiva" da investigação produzida.

Inaugurado em 1999, o LEIF é uma infra-estrutura desenvolvida pela Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI), em parceria com a Câmara Municipal da Lousã e a Universidade de Coimbra (UC), que alberga equipamentos de ensaio para o estudo do comportamento do fogo e para a caracterização de combustíveis florestais. “Tem equipamentos que são únicos a nível europeu e, certamente, até a nível mundial”, disse o presidente da ADAI, Domingos Xavier Viegas.

Entre as suas principais estruturas de ensaio figura um recém-adquirido túnel de combustão de grandes dimensões, que permite estudar a acção do vento sobre a propagação do fogo, e que tem “o dobro do tamanho e mais do dobro da potência” de equipamento idêntico já existente no laboratório, permitindo fazer ensaios numa escala maior, explicou o catedrático da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Um dos projectos que o novo túnel vai permitir é o estudo da segurança em parques de campismo, muitas vezes situados junto ou dentro da floresta, adiantou ainda Xavier Viegas.

Além dos ensaios decorrentes do programa de investigação sobre incêndios florestais, o laboratório situado no aeródromo do Freixo “tem acolhido múltiplas acções de formação técnica e avançada, nomeadamente a que é realizada no âmbito de protocolo com a Escola Nacional de Bombeiros. Da investigação desenvolvida no laboratório relacionada com o comportamento do fogo e com a segurança pessoal, o presidente da ADAI destacou os estudos do fogo em desfiladeiros e em copas.


Durante a visita do ministro da administração interna. (Foto: LEIF)
Durante a visita do ministro da administração interna. (Foto: LEIF)
Falta de apoio

Xavier Viegas queixou-se que as visitas de carácter formativo, efectuadas ao Laboratório por corporações de bombeiros de todo o país, diminuíram significativamente nos últimos anos, devido ao corte dos apoios que a Autoridade Nacional de Protecção Civil disponibilizava para o efeito.

“Queremos tentar inverter essa situação, em colaboração com entidades públicas e privadas, numa conjugação que queremos mais estreita”, designadamente “entre a Agricultura, a Protecção Civil e todas as entidade que têm a ver com esta matéria”, afirmou.

Realçando que o Laboratório dirigido por Xavier Viegas “é uma estrutura muito importante” que deve ser apoiada pelo Estado, Miguel Macedo disse que importa “garantir que o ataque aos fogos se faz em melhores condições”, apostando em “melhores equipamentos” e na formação dos meios humanos de prevenção e combate aos fogos florestais.

Na sua opinião, cabe ao Governo apoiar “tudo aquilo que puder contribuir para termos uma investigação de grande nível nestas matérias” e que possa ser melhor aproveitada “na formação dos corpos de bombeiros e tenha aplicação efectiva no terreno”.
Fonte: Ciência hoje

Investigação e produção de cogumelos silvestres ganha destaque

Exportação deste tipo de produtos é de grande potencial para o País
2012-03-08
noticiasdecastelodevide.blogspot.com
Em Oliveira do Hospital está a ser desenvolvido um projecto de investigação e produção de cogumelos silvestres numa parceria entre a Plataforma para o Desenvolvimento da Região Interior Centro (BLC3), a Universidade de Coimbra (UC) e a Voz da Natureza, uma empresa com actividade na área da investigação científica e tecnológica para o desenvolvimento de produtos inovadores.

O projecto implica a criação de um Centro de Micologia Aplicada e vai candidatar-se ao QREN, através do «Compete – Programa Operacional Factores de Competitividade» até final de Março.

O objectivo é fomentar, na região interior centro de Portugal, a produção de cogumelos silvestres nativos e investigar as condições para a produção de trufas (fungos do solo que formam cogumelos subterrâneos), cujo preço nos mercados internacionais variam entre os 400 e os 500 euros por quilo.

Segundo o presidente da BLC3, João Nunes, esta região é“particularmente propícia ao desenvolvimento de cogumelos silvestres nativos” e, segundo as investigações que estão a ser desenvolvidas pelo Centro de Ecologia Funcional, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC, tudo indica que também possui excelentes condições para a produção de trufas.

Em Portugal, o potencial industrial, económico e ambiental, associado aos cogumelos silvestres tem sido subvalorizado. “Meia tonelada de uma só espécie de cogumelos, que existe na zona de Oliveira do Hospital, significou em 2011 no mercado de Barcelona um milhão e meio de euros”, exemplifica João Nunes.

Como tal, a exportação deste tipo de produtos mostra ser de grande potencial. Porém, Portugal não apresenta fluxos comerciais significativos nesta área que pode gerar actividades empresariais com elevado retorno económico. Não basta fomentar a produção de algumas espécies nativas de cogumelos silvestres, é também necessário assegurar a sua qualidade e certificação e a sua comercialização.

Assim, avança o responsável da BLC3, o projecto “pretende passar para o nível industrial um sector de grande potencial nesta região”, mas envolvendo todos os potenciais produtores.

Sem afastar a produção de cogumelos em estufas ou outro tipo de estruturas equivalentes, Anabela Marisa Azul, investigadora Centro de Ecologia Funcional da UC, salienta que se pretende também “favorecer a produção natural” “potenciar esse recurso”. Pretende-se, acima de tudo, continua a cientista, “um tipo de produção integrada e ajustada com o terreno, os solos, a vegetação, o clima e a floresta”.

Trata-se de valorizar um produto no plano económico, mas também de, em simultâneo, proteger a floresta dos incêndios e promover o equilíbrio dos solos.
Fonte: Ciência hoje