segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Água quente na ribeira:


Prever os efeitos do aquecimento global (que pode atingir 6 a 7°C nos próximos 100 anos), nas componentes físico-químicas e biológica dos pequenos cursos de água é o objectivo de uma experiência pioneira e única na Europa que está a ser desenvolvida na Ribeira do Candal, na Serra da Lousã. Nesse curso de água vai ser efectuada a manipulação da temperatura, tendo o percurso sido dividido longitudinalmente. Assim vai ser testado o aumento, num troço de 22 metros, de 5°C acima da temperatura ambiente da água observada na outra metade, com recurso a um termo acumulador gigante propositadamente construído para o efeito. Com o caudal de 3 litros por segundo, a ser controlado por um pequeno muro com duas válvulas que descarregam individualmente para cada uma das metades. Em ambos os lados ao longo de 2 anos serão avaliados diversos parâmetros estruturais (diversidade das comunidades de algas, fungos e macroinvertebrados) e funcionais, como o metabolismo do ribeiro e as taxas de decomposição da folhada, fonte de energia das cadeias alimentares nestes ribeiros. Por comparação entre ao 2 lados e o antes e depois do aquecimento, será possível inferir alterações que ocorrem no ecossistema devidas ao aumento da temperatura. “ Por exemplo, podemos saber se há alterações na biodiversidade e nos tipos de organismos antes e depois do aumento da temperatura; se as algas, fungos e invertebrados que resistem a esse aumento de temperatura apresentam alterações nas suas taxas de crescimento ou sobrevivência, ou no seu comportamento (no caso dos invertebrados), e se desempenham a sua função no ecossistema de forma igualmente eficiente antes e após do aquecimento” explica a investigadora Cristina Canhoto. Na 1ª fase, em conclusão, foi feito um meticuloso trabalho de avaliação da diversidade biológica actual da ribeira: que fungos aquáticos, invertebrados e algas existem na ribeira e em que quantidades? Como são as histórias de vida e os comportamentos de alguns tipos de invertebrados? Os investigadores precisavam saber como funciona o ecossistema, particularmente as taxas de reciclagem de nutrientes. Para tanto estudaram a decomposição das folhas. Neste processo intervém grande parte dos organismos aquáticos, pelo que a degradação foliar constitui uma ferramenta útil para avaliar o estado ecológico dos cursos de água, uma excelente radiografia integradora do que se passa na Ribeira de Candal.
Acentuando que em termos ecológicos não haverá nenhum problema devido aos testes em curso. Os valores não ultrapassam os limites que eventualmente ocorrem em determinadas áreas do curso de água, por outro lado, o troço é muito pequeno (não só longitudinalmente como é apenas uma derivação da ribeira propriamente dita) para que possam ocorrer efeitos nefastos na ecologia do curso de água.
Fonte: Super interessante

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