segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Dejectos de animais ajudam a poupar na factura de energia

ISEP transforma lixo orgânico em biogás e electricidade
2011-11-07
Por Marlene Moura (texto)

Energia é transformada através de biodigestor anaeróbico.
Energia é transformada através de biodigestor anaeróbico.
Segundo a lei de Lavoisier, “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” e até a dejectos de animais se pode aplicar a essa norma. Uma equipa do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) conseguiu tornar energeticamente autónoma uma exploração agro-pecuária, recorrendo ao lixo orgânico que essa produzia, poupando ainda em combustível e na factura de energia eléctrica.

Teresa Nogueira, orientadora da tese de mestrado de Bruno Teixeira (responsável pelo projecto), disse ao «Ciência Hoje» que “através deste processamento (termoquímico), resultante da libertação de gases, consegue-se a co-geração de electricidade e calor (energia térmica) de forma ecológica, sem recorrer a combustíveis poluentes, limpa e efectuando a reciclagem do próprio espaço”.

A medida permite não só tornar a instalação auto-sustentável, para que esta não precise de ir abastecer-se à rede pública; mais ainda, é possível injectar tudo aquilo que produza a mais e lucrar com isso. Contudo, a docente alerta que “é necessário algum investimento” e para que se torne lucrativo, o projecto deverá ser considerado para instalações com, por exemplo, “a partir de 50 cabeças de gado” – sustentando que os bovinos são “mais rentáveis”.

Os dejectos de animais podem ser transformados em biogás e energia eléctrica para ser usada localmente. Através de um biodigestor anaeróbico – a transformação do lixo é realizada por fermentação sem oxigénio e a caldeira aproveita o biogás (composto em 60 por cento por metano, com elevado poder calorífico), convertendo-o num produto energético –, é possível rentabilizar lixo orgânico altamente poluente e permitir que as instalações de gado possam ser, no caso das explorações de maior dimensão, energeticamente autónomas.

Teresa Nogueira, ISEP.
Teresa Nogueira, ISEP.
Viabilidade técnico-económica provada

Para quantificar a poupança de uma exploração agro-pecuária com 80 cabeças de gado bovino, por exemplo, “o investimento tecnológico é amortizado em menos de quatro anos e a factura energética poderá ter um decréscimo de 7819 euros por ano”, acrescentou ainda a investigadora do ISEP.

O projecto de Bruno Nogueira foi testado numa quinta na área do Grande Porto, em colaboração com a empresa Magnetic Fields e “a sua viabilidade técnico-económica provada”, segundo garantiu Teresa Nogueira. As quintas que recorrerem a esta medida“poderão até armazenar o seu próprio biogás, para usá-lo posteriormente, em períodos de maior necessidade”. No caso da energia eólica, já não seria possível, recordou a docente.

A equipa de investigação está a explorar a possibilidade de alargar a medida à utilização de outros resíduos, como palha ou lenha. Teresa Nogueira explica que este projecto não só contribui para a redução de poluentes, como também evita o maior funcionamento de centrais, a partir do momento que “pode injectar energia na rede nacional, tornando estas explorações em centrais de co-geração, como meio alternativo”.
Fonte: Ciência Hoje

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